Sem se dar conta disso, governadores e representantes do governo federal – incluindo o próprio presidente – decidiram disputar sobre o que fazer - ou não - para combater a Covid-19. E aqui no Rio, parece que quem saiu ganhando foi o governador Wilson Witzel, ao menos no quesito sensatez referente às recomendações de especialistas.
E no meio dessa briga, nós, trabalhadores e trabalhadoras, na mira da escassez e de ameaças de demissão. E é interessante pensarmos como, de repente, quem antes disso tudo sempre tratou como vagabundos quem vive de amparo do governo e que sempre pediu o fim dos direitos trabalhistas, agora quer se mostrar preocupado com a fome e o desemprego. Tão benevolentes, não acham?
Suburbanos e suburbanas se encontram perdidos nestas incertezas. Sendo a maioria da população da capital, moradores dos subúrbios batem cabeça através de discursos perigosos, que colocam cidadãos para escolher entre opções absurdas: “prefere se contaminar por uma ‘gripezinha’ ou ficar desempregado e morrer de fome?”. Quem faz essa pergunra só esquece de dizer que a crise financeira virá e, junto com ela, um colapso do sistema de saúde, se as precauções não forem tomadas. E nessa situação, uns poderão se manter saudáveis, mesmo com o bolso um pouco mais vazio, enquanto do lado de cá, o lado mais fraco da corda, haverá o desemprego, bolso vazio e grande chance de contágio e falta de tratamento adequado.
Portanto, é o momento ideal para exigirmos não só a preocupação com o próximo, ficando em casa aqueles que podem; é hora também de refletirmos sobre o papel do governo ao criar medidas de prevenção do caos, pois já dizia vovó: "quem não escuta cuidado, escuta coitado". Entre as nossas necessidades, o básico é destacar a importância da previdência social e de direitos trabalhaistas, tão atacados nos últimos 5 anos. Em situações como essa, são o refúgio do trabalhador contribuinte para que não fique refém do acaso e das politicagens macabras de quem está no poder.