Brizola pulando fogueira feita de armas de brinquedo, em Irajá(foto: Aguinaldo Ramos/Jornal do Brasil - 1982)
Por O Dia
Publicado 02/06/2020 06:00 | Atualizado 05/06/2020 23:51
Rio - Uma foto de 1982 que entrou para a história do Rio: no conjunto Amarelinho, em Irajá, o então candidato ao governo do estado, Leonel Brizola, pula uma fogueira feita com armas de brinquedo. A simbologia da imagem reflete sua principal bandeira: Brizola, ao lado do professor Darcy Ribeiro, representava a correta ideia da Educação pública de qualidade como sendo a principal arma que deveria ser empunhada por crianças e jovens.
Maio de 2020 se foi e com ele a memória cada vez mais frágil de um projeto de Educação que completou 35 anos neste mês: estamos falando dos Centros Integrados de Educação Pública, os Cieps, projeto que foi o principal símbolo dos governos de Leonel Brizola no RJ (1983-1986 e 1991-1994). Sua representação é de um projeto de Educação inclusiva e democrática, a frente de seu tempo para a realidade brasileira, mas que foi boicotado em diversas frentes políticas e sociais, de esquerda e de direita.
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Os "brizolões", como passaram a ser chamadas as unidades, tinham o objetivo de fornecer não só a alunos e alunas, mas também às suas famílias, uma perspectiva positiva de futuro; com ensino integral e plural, o foco era na educação cidadã.
As centenas de unidades dos Cieps estão espalhadas pelo estado, principalmente em áreas mais carentes. Algumas revitalizadas, outras totalmente desfiguradas e abandonadas. Nos subúrbios do Rio, a memória de ex-alunos e ex-alunas é sempre carinhosa; lembram das refeições feitas ao longo do dia, do banho tomado, dos atendimentos odontológicos e das atividades extra-curriculares.
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E na realidade de nossos dias, quando 73% das escolas municipais do Rio se encontram sem manutenção adequada para seu funcionamento, o projeto dos Cieps está aí no imaginário para ser resgatado e tomado como norte para os próximos anos.
Patrimônio histórico e urbanístico municipal desde 2010
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No Rio Grande do Sul, as brizoletas
Entre 1959 e 1963, Brizola governou o Rio Grande do Sul. Enquanto governador do povo gaúcho, fez também da Educação sua principal bandeira. Metade da população do estado morava no campo e um terço da população riograndense era analfabeta.
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Quando assumiu o governo em 1959, Brizola começou a instalar as chamadas "brizoletas", pequenos colégios de madeira onde alunos e alunas ganhavam calçado e material escolar. Foram seis mil unidades erguidas.