A pandemia do novo coronavírus está aí para nos revelar diversas coisas que sempre estiveram diante de nós, mas que passavam despercebidas. Precisou um vírus dizimar milhares de cariocas para percebermos que já passou da hora de a cidade ter seus muros de desigualdades derrubados.
O acesso à internet é a mais nova ferida aberta na vida de nossos bairros suburbanos. É sabido pelos moradores de partes periféricas das zonas norte e oeste o quanto o serviço e internet nos afasta ainda mais de um mundo globalizado.
Vale lembrar que não faz nem dez anos que tivemos um reboliço social causado pela Copa do Mundo e pelos Jogos Olímpicos; ali, a promessa era de tornar o Rio de Janeiro uma cidade global, com características que lembrassem as grandes cidades pelo mundo afora, mas quem saiu ganhando, mais uma vez, foi a Cidade Maravilhosa, não o Rio.
Faço questão de falar da internet porque sabemos que em muitos bairros, seja no asfalto ou na favela, ou os serviços de internet ofertados pelas grandes operadoras são estapafúrdios, ou não chegam. Ficamos, portanto, reféns dos provedores locais, com sua baixa qualidade do serviço, preços altos e nas mãos dos poderes estabelecidos.
Os apelos de estudos a distância, dos entretenimentos por plataformas de séries e filmes, shows através de lives e as relações pessoais e comerciais cada vez mais dependentes de aplicativos de celular escancaram que os subúrbios precisam de um despertar para sua condição de, mais uma vez, estarem sendo postos à margem da história.
E na condição de pagadores de impostos para o embelezamento das áreas turísticas, para que as pedras portuguesas dos calçadões das praias precisem ficar no lugar para não machucar o pé dos moradores das orlas, suburbanos e suburbanas precisam deixar de ser coadjuvantes da história desta cidade.
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