Rio - Em setembro deste ano completaremos dois anos do grande incêndio, aquele crime e escancarada covardia, que pulverizou séculos de história nacional e mundial guardados no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. É muito triste saber que as próximas gerações nunca mais serão recepcionadas por aquele grande esqueleto de dinossauro na entrada como um dia eu e pessoas da minha idade fomos.
Abro a coluna desta terça destacando esse exemplo de pesar, sabendo que existem tantos outros relacionados ao patrimônio histórico dos subúrbios. O bairro de São Cristóvão, para quem vem do Centro e da Zona sul, é a porta de entrada para as zonas Norte, Oeste e até Baixada Fluminense. E na madrugada deste último domingo, boa parte da estação histórica e centenária de Japeri sucumbiu também por conta de um incêndio. As causas ainda serão investigadas.
A estação, que em 2019 passou por restaurações que custaram R$ 2 milhões, foi inaugurada em 1858. Era a estação final, que um dia se chamou Belém. O município se emancipou de Nova Iguaçu em 1991.
Apesar da recente reforma no local, sabemos que outros locais de nossos bairros amargam os pesares de ver os abandonos consumindo casarões, coretos e fachadas sem sequer um projeto de revitalização. E se não há preservação adequada da história, não existe a valorização da identidade local em bairros suburbanos. Como podemos nos mobilizar e exigir nossos direitos de cidadãos e cidadãs se não respeitam nem nossa história?
Parece que o sentido da palavra "república", que significa "coisa pública", fica somente para os interesses privados. Afinal, pensar a coisa pública requer prioridade na Educação, e educar por meio dos símbolos de nossas histórias locais é uma importante ferramenta neste processo.
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