Chorão faria 54 anos: Relembre vida e carreira do cantor
Por Flipar
Alexandre Magno Abrão nasceu em Tremembé, São Paulo, em 9 de abril de 1970. Ele cresceu em uma família que não tinha muito dinheiro. Além disso, seus pais se separaram aos 11. Três anos mais tarde, sua mãe, Nilda, teve um derrame e quase faleceu.
Chorão sempre teve dificuldades nos estudos, não tirava nota boa e cursou apenas até a sétima série, sempre em escolas públicas.
Seu pai, Geraldo, foi um pequeno empresário. Já a sua mãe trabalhava com faxina e cozinha. Chorão brigava com facilidade, passava muito tempo na rua, foi apresentado às drogas e teve problemas com a polícia.
Passou a ser chamado de Chorão quando começou a andar de skate nos anos 1980, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Naquela época, recebeu o apelido porque fazia cara de choro quando errava manobras.
Seus amigos lhe deram o primeiro skate e, mesmo com um tênis não específico para a prática, Chorão mandava bem. Ele chegou a ser vice-campeão paulista de skate freestyle.
Chorão criou uma pista indoor skate em Santos (SP), em 2004. O local o homenageia, leva o nome de Chorão Skate Park e já recebeu eventos nacionais e internacionais. O cantor também retratou a sua paixão pelo esporte em algumas músicas como ?Zóio de Lula?, em que skatistas aparecem no clipe, e ?Di-SK8 Eu Vou?.
Ainda jovem, Chorão mudou-se para Santos. No início, queria uma vida sem muitas responsabilidades, mas sonhava em ter uma banda de rock para tocar em rodas de skate. Começou a trabalhar, mas não conseguiu ir longe em nenhum emprego. Foi demitido pelo próprio pai de uma corretora de imóveis.
Chorão morava de aluguel, mas era comum não pagar e ser despejado. Sua vida começou a mudar aos 21 anos. Bêbado e triste por ter terminado um namoro, foi ao bar Creperie assistir a um show de uma banda chamada Matrix. Em dado momento, o vocalista saiu para ir ao banheiro.
Chorão então subiu no palco e falou algo como "Agora é comigo" e pediu para os músicos tocarem "War Inside My Head", da banda Suicidal Tendencies. Mesmo sem falar inglês, ele arranhou alguma coisa, mas encantou o público e os artistas.
Ele foi convidado por outro cliente do bar a fazer um teste para ser vocalista da banda "Whats Up", que estava sendo formada. Ele foi aprovado, mas não ficou muito tempo. Por outro lado, fez amizade com o baixista Champignon, que tinha apenas 12 anos.
Juntos, eles convidaram outros três amigos e fundaram a Charlie Brown Jr, em 1992: Marcão Britto (guitarra), Thiago Castanho (guitarra) e Renato Pelado (bateria). Exceto Chorão, todos da cidade paulista de Santos. Inicialmente, a banda se apresentava na região e na capital, mas logo explodiu nacionalmente.
O nome surgiu ao acaso. Certo dia, Chorão bateu o carro em uma barraca de coco chamada Charlie Brown. Já o "Jr." foi adicionado porque eles acreditavam que seriam promissores no rock nacional.
O Charlie Brown Jr existiu até 2013. Também naquele ano, Champignon se matou, sendo mais um baque para o grupo.
O CBJr, como também era chamada a banda, lançou dez álbuns de estúdio, sendo três ao vivo e sete DVDs. O último foi o "La Família 013", uma referência ao DDD de Santos. A obra foi lançada após a morte de Champignon e Chorão.
Foram mais de 5 milhões de discos vendidos, em uma época que o streaming apenas engatinhava. "Só por uma noite" (1997), "Ela vai voltar" (1997)"Lugar ao sol" (2001) "Senhor do tempo" (2005), "Dias de luta, dias de glória" (2005)", "Pontes indestrutíveis" (2007), "Me encontra" (2009), "Meu novo mundo" (2013)" são alguns dos sucessos eternos.
Ao longo de toda a existência, apenas Chorão não deixou a banda em nenhum momento. Champignon, por exemplo, teve duas passagens: de 1992 a 2005 e depois de 2011 a 2013.
Além de Chorão, Champignon, Marcão Britto, Thiago Castanho e Renato Pelado, a banda teve Heitor Gomes (baixo), Pinguim (bateria e beatbox) e Bruno Graveto (baixo e bateria).
Chorão foi encontrado morto na madrugada de 6 de março de 2013, em seu apartamento, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Quem o encontrou foi o motorista dele, Kleber Atalla (foto), o "Tiozão".
A casa do cantor estava toda bagunçada, cheia de garrafas vazias de bebidas, cápsulas de remédios e muito sangue. Ele estava desaparecido desde o dia 4 de março.
No IML, foi constatado que o cantor morreu com overdose de cocaína, mas que também usou outras drogas. Ele tinha 42 anos. O assunto repercutiu tanto que, mesmo sendo comentado apenas no Brasil, entrou na lista dos mais falados nos trending topics mundiais do Twitter.
Pessoas próximas ao cantor dizem que ele sofria de depressão após se separar de sua segunda mulher, a estilista Graziela Gonçalves, em 2011, após oito anos juntos. No final de 2012, ele disse que ainda a amava e que a música "Céu Azul" (2011) era dedicada a ela.
Outra grande paixão dele foi o Santos Futebol Clube. Ele viu o clube conquistar dois Campeonatos Brasileiros, uma Copa do Brasil, uma Libertadores, além de sete Campeonatos Paulistas