Laudo médico retoma debate em torno de lutadora argelina que foi ouro em Paris

Por Flipar

Imane Khlelif foi alvo de ataques nas redes sociais durante as Olimpíadas de Paris depois de a IBA dizer que, em 2023, ela e a taiwanesa Lin Yu-Ting foram reprovadas em ?testes de gênero? realizados pela entidade.
Instagram @imane_khelif_10
O assunto ganhou repercussão após a vitória de Imane Khelif sobre a italiana Angela Carini, nas oitavas de final da categoria peso-médio em Paris 2024. A adversária desistiu da luta com apenas 46 segundos, após ser atingida com dois golpes potentes no rosto, na altura do nariz.
Chabe01/Wikimedia Commons
Durante a competição, Khelif recebeu ataques de internautas, entre eles algumas personalidades públicas, alegando que ela seria uma mulher trans.
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?Tudo que está sendo dito sobre mim nas redes sociais é imoral. Eu quero mudar a mente das pessoas ao redor do mundo?, manifestou-se a argelina na ocasião.
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Tanto Khelif como a taiwanesa Lin Yu-Ting tiveram o aval do Comitê Olímpico Internacional (COI) para competir nos Jogos de Paris.
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Por conta das fake news e de toda a polêmica envolvendo sua participação nos Jogos Olímpicos, a boxeadora argelina chegou a fazer uma mudança no visual em agosto/24.
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Nas redes sociais, a campeã olímpica do peso meio-médio postou para seus seguidores no Instagram imagens de sua transformação estética.
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O salão de beleza em que Khelif ganhou o novo visual, com penteado e maquiagem, compartilhou em sua página oficial um texto de exaltação à boxeadora.
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?Para conseguir sua medalha, ela não teve tempo a perder em salões de beleza ou em compras. Ela nunca sentiu a necessidade de se adequar a esses padrões para afirmar sua existência?, diz o texto.
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?Sua mensagem é muito mais profunda. A vestimenta não faz um monge e a aparência não revela a essência de uma pessoa. Ela pode ser feminina e elegante quando quer, mas no ringue não precisa de enfeites ou salto alto. Só precisa de estratégia, força e socos?, concluiu a postagem.
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A IBA desclassificou Khelif do Mundial de Boxe de 2023 alegando que ela não passou no ?teste de gênero?. Porém, em seu site oficial a entidade de boxe não dá detalhes da metodologia utilizada nos critérios de elegibilidade de gênero sob alegação de que o teste é ?confidencial?. Em nota divulgada em 31 de julho, a IBA afirmou que a boxeadora teria ?vantagens competitivas sobre outras atletas femininas?.
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Em entrevista que incluiu o presidente da entidade, o russo Umar Kremlev, a IBA declarou que Khelif havia apresentado níveis de testosterona alto no sangue. Na época, não foram apresentadas provas.
Natalya Tokmogasheva/Wikimedia Commons
?O teste de testosterona (principal hormônio masculino) não é perfeito. Muitas mulheres podem ter níveis de testosterona iguais ou semelhantes aos dos homens, embora ainda sejam mulheres?, explicou Mark Adams, porta-voz do COI.
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O COI reforçou em um comunicado que as duas boxeadoras (Imane Khelif e Lin Yu-Ting) não são atletas transgênero, mas sim mulheres desde o nascimento.
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O pai da boxeadora, Omar Khlelif, chegou até a exibir à imprensa francesa a certidão de nascimento de Imane. ?Minha filha é uma menina. Uma menina que ama esportes desde os seis anos de idade?, ressaltou, em entrevista à AFP.
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Em 2023, a Associação Internacional de Boxe foi banida pelo COI e deixou de ser a organizadora do torneio olímpico nos ringues. A exclusão deveu-se a casos de corrupção e falta de transparência.
Anne Jea/Wikimedia Commons
Imane Khelif conquistou a medalha de ouro em sua categoria nos Jogos Olímpicos de Paris ao derrotar na final a chinesa Tang Liu.
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?Quero dizer ao mundo inteiro que sou mulher e continuarei mulher. Eu dedico esta medalha ao mundo e a todos os árabes. E digo a vocês, vida longa aos árabes?, comemorou Khelif após a conquista.
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Após a disputa olímpica, Khelif apresentou uma denúncia de cyberbulling na justiça francesa, o que fez o Ministério Público do país abrir investigação sobre crimes de ódio praticados contra a atleta.
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De acordo com a revista ?Variety?, o bilionário americano Elon Musk (foto), dono da rede social X (ex-Twitter), e a escritora escocesa JK Rowling, autora da saga Harry Potter, aparecem entre os nomes citados na denúncia por comentários ofensivos que postaram nas redes.
Victor Gonzalez Couso - Flickr

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