Depois de abrir um escritório em Miami no início deste ano, a paulista C&M Software trabalha para lançar em junho no mercado americano uma versão adaptada do Portaki, portal voltado para pessoas físicas e instituições financeiras interessadas em usufruir da portabilidade de crédito financeiro. No ar desde abril, o site permite que tomadores de empréstimos interessados em reduzir as taxas de juros de seus financiamentos possam interagir diretamente com instituições financeiras cadastradas.
No Brasil, a portabilidade nos moldes atuais entrou em vigor no último dia 5 de maio. Nos Estados Unidos, a regulamentação relativa ao tema é anterior, além de mais ampla e aberta quando comparada com as regras vigentes no país, afirma Orli Machado, presidente da C&M Software. “Aqui, a portabilidade vale apenas para cinco produtos: financiamento de carros, crédito pessoal, Crédito Direto ao Consumidor (CDC), empréstimos imobiliários e consignado”, lista o executivo. Apesar de existir há mais tempo nos Estados Unidos, a portabilidade de crédito ainda não faz parte da cultura dos americanos, ressalta Machado, que enxerga nesta particularidade uma oportunidade de mercado para o Portaki.
Focada em desenvolver programas nas áreas de crédito e meios de pagamento, a empresa tinha planos de se instalar nos Estados Unidos desde meados da década passada, mas com a crise financeira de 2008 teve de adiar sua expansão internacional.
Acabou sendo beneficiada pelas mudanças que ocorreram posteriormente: com penalidades impostas pelas instituições financeiras aos maus pagadores, os varejistas passaram a ser mais precavidos na análise de crédito.
“Nos Estados Unidos, para abrir uma conta corrente, você só precisa de documentos que confirmem a sua identidade. Já no Brasil, o BC exige dos bancos cópia de comprovante de residência”, compara Orli Machado.
A empresa já comercializa nos Estados Unidos uma plataforma de gestão de processos e integração de sistemas que, entre outras funcionalidades, auxilia instituições financeiras a checar a identidade do cliente interessado em requerer um empréstimo.
Para Machado, o segmento de cartões private label — muito difundidos entre os americanos — é especialmente atrativo para a C&M. Só um dos clientes da empresa brasileira nos Estados Unidos — uma cadeia de restaurantes e hotéis — tem 3,8 milhões clientes com cartões de crédito private label, que levam a marca dela. “No Brasil, os varejistas — por exemplo — se associam a instituições financeiras para lançar cartões co-branded, enquanto nos Estados Unidos estas empresas preferem emitir um cartão próprio. Elas assumem um risco maior mas, por outro lado, podem oferecer descontos maiores, de 7% a 12%, no produto. Esse percentual seria a comissão que iria para a instituição financeira”, explica Machado. “Dessa forma, fidelizam o cliente.”
Outra empresa brasileira que está de olho no mercado financeiro americano é a CMA, empresa de software de soluções para negociação eletrônica e informações para o mercado financeiro e de commodities. Para isso, a companhia desenvolveu uma ferramenta para o mercado de home broker e firmou parceria com a Fintec, corretora especializada em bolsas americanas de mercadorias e futuros, para levar a solução SERIES 2 Web para os EUA e também para a América Latina.
“O mercado americano, onde mais de 50% da população faz aplicações ou está familiarizada com investimentos em renda variável, oferece um oceano de oportunidades e queremos explorá-las. O fato de estarmos presentes em 90% do mercado financeiro brasileiro nos gera credibilidade, pois os grandes bancos brasileiros são reconhecidos internacionalmente”, afirma o diretor de mercados da CMA, Raphael Juan.