Por monica.lima
Enquanto o mercado de motos de baixa e média cilindrada sentiu os efeitos da economia no ano passado, as chamadas motocicletas de luxo andaram na contramão e em alta velocidade em 2014. Segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), nos primeiros onze meses do ano passado foram vendidas para as concessionárias 49.050 motocicletas, contra 45.229, em 2013, alta de 8,4%. No mesmo período, foram produzidas 51.122 unidades, frente a 45.778, de 2013, crescimento de 11,7%. Já as vendas no varejo — para o consumidor final — tiveram um salto de 10,8%, com 51.208 motocicletas em 2014, ante 46.233, em 2013.
Números bem diferentes dos registrados por motos menores, onde o registro é somente de queda. As vendas no atacado deste tipo de moto de cilindrada menor — da montadora para as concessionárias — fecharam 11,3% abaixo do registrado em 2013. Foram 1.483.307 em 2013 contra 1.316.391 no ano passado. No mesmo período, de janeiro a novembro, foram fabricadas 1.429.012 motocicletas, o que corresponde a uma queda de 10,2% em relação a igual período de 2013, quando saíram das montadoras 1.592.073 unidades.
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Marcas como BMW, Ducati e Harley-Davidson comemoram os bons resultados. A mudança de perfil do consumidor de motos de luxo tem estimulado as vendas. Se antes o cliente estava na faixa dos 40 anos, hoje a procura nas concessionárias é também de consumidores na faixa dos 30 anos, diz Gustavo Lorenzo, organizador do Salão Bike Show, que acontece no Riocentro, no final deste mês.
“Para atender a este novo perfil de consumidor, as marcas preparam de dois a três lançamentos por ano. E o grande facilitador são as linhas de financiamento que as fabricantes oferecem. O mercado de motos de grande cilindrada ainda tem muito espaço para crescer no Brasil. Hoje, as regiões Sul e Sudeste ainda são as maiores compradoras deste tipo de veículo”, explica Lorenzo.
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Uma das marcas que vem se destacando neste mercado é a BMW. A estimativa de vendas da BMW Motorrad é de 8 mil unidades em 2014 — falta fechar os dados de dezembro — , o que significa um crescimento de cerca de 5%, uma vez que a grife vendeu 7.600 unidades em 2013. Ainda de acordo com a empresa, o perfil do consumidor do segmento premium tem mudado nos últimos anos e a procura por produtos financeiros cresceu. A BMW Serviços Financeiros oferece diversas linhas de financiamento. Segundo a montadora alemã, atualmente o market share das motos vendidas com financiamento próprio da BMW gira em torno de 50%.
A Ducati, marca do Grupo Audi, também tem motivos para comemorar. O modelo A 1199 Panigale, carro-chefe da marca no mercado brasileiro, passou de 200 unidades registrados em 2014.
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“O Brasil é um dos cinco maiores mercados do mundo para os nossos negócios. Por isso, não poupamos esforços para a produção local da 1199 Panigale”, diz Ricardo Susini, diretor geral da Ducati no Brasil.
A empresa também apostou em um programa de financiamento de suas motos, o Red Pass, que financia as motos em até 23 prestações.Longino Morawski, diretor-superintendente Comercial da Harley-Davidson do Brasil diz que o país tem um papel fundamental na estratégia de expansão da companhia para novos mercados.
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“Mantivemos nossos planos de abertura de concessionárias, com o início das operações da Santos Harley-Davidson, da Sorocaba Harley-Davidson, ambas em São Paulo, e da Rota 65 Harley-Davidson, em Cuiabá. Nos últimos anos, vimos que diversas empresas do segmento premium tomaram a mesma iniciativa que a Harley-Davidson teve há quase quatro anos, quando montamos uma operação própria e com mais estrutura no mercado brasileiro. Com isso, pôde-se atender a uma demanda reprimida do mercado”, afirma. A marca já lançou linha de motos para 2015. Os modelos Street Bob e Low Rider chegam pela primeira vez no Brasil.
Maurício Fazzi, dono da Fazzi Custom, trabalha no segmento de transformação de motos. Ele diz que 90% das máquinas que passam pelas sua empresa para personalização são da marca Harley-Davidson. Segundo ele, há casos de clientes que promovem uma verdadeira reconstrução das motos, o que gera um custo total de até R$ 50 mil.
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Para o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, o mercado de motocicletas no Brasil, como um todo, deve crescer, ainda que esse número seja baixo, e a alta não será restrita ao segmento de luxo, voltando a ter impacto positivo também nas linhas de motos mais baratas. A perspectiva é de um aumento de 2% na produção, 1% nas vendas no atacado e 2,1% no varejo.
“Em 2015, não teremos os impactos negativos no varejo que tivemos em 2014, por conta da realização da Copa do Mundo no Brasil e, meses depois, das eleições. Mesmo sendo um ano com expectativas de ajustes da economia brasileira, e com a chegada da nova equipe econômica, acredito que o setor de duas rodas no Brasil terá melhores resultados. O mercado está confiante na retomada de vendas”, afirma o executivo.
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