Mayara Pereira de Oliveira Fernandes, 31 anos, e cursava pós-graduação em odontologia na Unifaafotos Reprodução
Por Sergio Gustavo
Publicado 27/11/2020 19:24 | Atualizado 28/11/2020 10:16
O sequestro que durou quase 2 horas e meia nesta sexta-feira (27) terminou com a estudante Mayara Pereira de Oliveira Fernandes, de 31 anos, assassinada pelo policial militar Janitom Celso Rosa Amorim, de 39 anos. O crime aconteceu na UNIFAA, Centro Universitário de Valença, interior do Rio. 
Por volta das 10h30 da manhã, funcionários da instituição perceberam que havia uma discussão acontecendo no estacionamento e chamaram a Polícia quando viram que o homem estava armado. De acordo com testemunhas, o PM agrediu várias vezes a refém dentro do carro e avisou que a mataria e cometeria suicídio em seguida. Janitom teria sinalizado portar uma granada, o que pode ter feito com que não fosse realizado qualquer disparo por atiradores posicionados estrategicamente à distância. Após resistir, ele aceitou a aproximação da polícia para negociar, mas acabou atirando no rosto da vítima em momento que um helicóptero do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) sobrevoava o local. Mayara foi imediatamente resgatada pelo SAMU e conduzida para o Hospital Escola, enquanto a polícia continha e algemava Janitom Celso. Segundo fontes que estavam no campus, houve dificuldade para sair com o sequestrador de dentro da instituição porque algumas pessoas queriam linchá-lo. Ele foi levado para a 91ª Delegacia de Polícia Civil.
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Após quatro paradas cardíacas, Mayara faleceu no hospital. A jovem, que é de Volta Redonda, fazia curso de pós na área de odontologia na UNIFAA. "Vivenciamos um trágico e absurdo caso de feminicídio em nosso campus. Um acontecimento inesperado em uma cidade tão tranquila quanto Valença, mas que infelizmente reflete um cenário nacional de violência contra a mulher", disse a instituição em nota emitida no meio da tarde. "Seguimos colaborando com autoridades no desdobramento da situação e à disposição da família para suporte nesse momento de dor", completou a UNIFAA, que suspendeu todas as atividades (presenciais, remotas e EaD) até a próxima segunda-feira(30).
A Polícia Militar informou que o assassino vai responder pelo crime nas esferas civil e militar e repudiou "com veemência a atitude do policial", solidarizando-se com a família da vítima.
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AUMENTO DO FEMINICÍDIO NO BRASIL
Dados relativos ao primeiro semestre deste ano mostram crescimento de 1,9% nos casos de feminicídio no Brasil em comparação com o mesmo período de 2019. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado em outubro, 648 mulheres foram assassinadas em crimes de ódio por gênero entre janeiro e junho de 2020.
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Ao longo do ano passado inteiro, 1.326 mulheres morreram vítimas de feminicídio no país, número 7,1% maior que o registrado em 2018. O Anuário completo de 2019 revela que 89,9% dos crimes foram cometidos pelo companheiro ou ex-companheiro. O dados mostram, ainda, que 66,6% das mulheres vítimas desse tipo específico de crime de ódio eram negras, e a maioria (56,2%) tinha entre 20 e 39 anos.