Rio - Negócio bilionário hoje, o surfe no Rio começou de forma amadora e romântica ainda no anos 1950. A praia do Arpoador era o point, e o esporte teve início com um grupo de mergulhadores liderados pelo italiano Arduíno Colassanti, também ator do Cinema Novo e pescador, morto em fevereiro deste ano aos 78 anos. Arduíno foi um dos primeiros a deslizar sobre as ondas com seu pranchão de madeira, modelo que hoje custa em torno de R$ 3 mil. A primeira prancha de fibra de vidro chegou ao Brasil pelas mãos dele, que foi também o pioneiro no país em mergulho profissional em grandes profundidades.
Leia também: O negócio bilionário do surfe
Foi no Arpoador também que o lendário esportista Pepê, Pedro Paulo Guise Carneiro Lopes, se tornou o primeiro brasileiro a vencer uma etapa do circuito mundial válido pela IPS (International Professionals Surfers), o Waimea 5000, em 1976. Foi também o sexto colocado no Pipe Masters do Havaí e por um bom tempo esteve entre os 20 melhores surfistas do mundo. No final da década de 70, Pepê se apaixonou pelo voo livre e também foi campeão mundial na categoria. Economista e empreendedor, foi precursor da alimentação natural e saudável na cidade. Em 1981 ele abriu sua primeira barraca na praia do Pepino, a preferida dos voadores. Pepê morreu em 1991, aos 33 anos, em acidente durante o campeonato mundial de voo livre, em Wakayama, no Japão.
O píer de Ipanema, no Posto 9 da praia, é outra lembrança que remete ao surfe na cidade. A construção do emissário submarino nos anos 70, que lançaria para a costa o esgoto do bairro, fez surgir a construção que marcou uma geração. Além de ser o local da a turma do desbunde, que reunia artistas e intelectuais, atraiu os surfistas: a obra fez surgir boas ondas naquele ponto da praia.