Por leandro.eiro

Rio - Acostumada a fazer perguntas, a jornalista Marília Gabriela também age com naturalidade para dar respostas sobre um assunto ainda visto com ressalvas pela sociedade: o envelhecimento. Em um bate-papo com a imprensa em São Paulo, na quarta-feira passada, Gabi falou publicamente, pela primeira vez, sobre sua maneira de lidar com o avanço da idade. "Estou assumindo minha velhice", brincou. Aos 69 anos, ela diz que 'desapegou' da necessidade de estar em evidência na mídia, cansou de trabalhar por obrigação e não se incomoda com a diminuição da libido. Por outro lado, a curiosidade inata, um dos fatores que a consagrou como exímia jornalista, continua a todo vapor: "sigo tentando preencher minhas indagações", afirma. Confira os principais trechos da conversa.

Gabi falou publicamente%2C pela primeira vez%2C sobre sua maneira de lidar com o avanço da idadeDivulgação / Bayer

Preparação

"Envelhecer com qualidade é envelhecer com saúde. Se você se estrutura bem, física e psicologicamente, quando a velhice chega, você não a percebe, porque está preparado. Algumas coisas, naturalmente, vão começar a falhar, mas dá para lidar bem com isso".

Projeto de vida

"Não dá para passar a vida só trabalhando e, um dia, puft. Cheguei ao raciocínio de que, uma hora, eu vou embora. Percebi que os amigos começaram a morrer, e eu continuava acordando aborrecida porque estava me repetindo, uma repetição obrigatória. Cansei e resolvi me dedicar a outros interesses. Parei de trabalhar na TV. Não que eu não gostasse do que fazia, mas o compromisso que me escravizava eu não quero mais ter. Estou mais para me divertir. Vou passar um mês e meio fora visitando filho, nora e neta. Agora, estabeleço minhas obrigações com prazo de duração. Trabalhei e economizei muito a vida toda, então posso me dar a esse luxo. É um privilégio".

Sexo

"Fico fascinada quando vejo mulheres de certa idade com uma libido enlouquecida. A minha abaixou consideravelmente, embora eu faça reposição hormonal. Namorei e casei muito, sempre tive uma vida sexual ativíssima. Mas, hoje, isso não é mais importante para mim do que sair com os amigos, por exemplo. Eu me mantive jovem fisicamente, tomo litros de água por dia, pratico pilates avançado, mas a libido não acompanhou essa energia toda, o que não me perturba".

Equilíbrio

"Foi uma surpresa para mim chegar a essa idade com tal perspectiva. Achei que ia passar mal. Ainda mais eu, com essa vocação para a juventude. Mas não passo. Encontrei o equilíbrio e acho gostoso. Tenho amigos jovens e outros da minha idade, e convivo bem com todos. O que eu posso dizer é que não é ruim ficar velho".

Aparência

"Não sou de ficar me olhando no espelho. Na verdade, nunca tive esse hábito. Só faço quando estou me arrumando, nunca fui apaixonada pela minha imagem. Envelhecer fisicamente não é uma coisa agradável, mas eu resolvi ficar bem com o meu resultado".

Liberdade

"Estar em evidência afaga o ego. Dá a sensação de que você é do balacobaco, o que condiciona a pessoa a certas expectativas: eu faço e logo vem uma resposta. Parei de depender da opinião alheia".

Mente

"A última coisa que eu faço antes de colocar a cabeça no travesseiro é completar, pelo menos, umas cinco palavras cruzadas. Minha secretária recorta dos jornais que assino. Conseguir manter a agilidade, principalmente na cabeça, é muito importante. Mesmo assim, ando disparando a falar e, de repente, esqueço o assunto que comecei. Esse é um dos fatores que eu já vejo prejudicado em mim, mas é reconhecer e remediar".

Hábitos

"Bebo muita água. É bom porque melhora o sono, dá viço à pele, ajuda a manter o corpo magro. Outra cosia que faço, já mecanicamente, é usar cremes. Tomo banho e, em seguida, aplico. Gosto de cosméticos para revitalizar a pele. Como a cada três horas. Meu café da manhã tem duas frutas, pelo menos; cereais; farinhas; café com leite e pão. Janto com parcimônia, geralmente uma sopa e uma salada".

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