Foram analisadas 427 grávidas internadas com o vírus entre março e abrilReprodução de Internet
Por O Dia
Publicado 17/12/2018 11:58 | Atualizado 17/12/2018 12:17

Rio - Um levantamento realizado pelo Ibope Conecta, revela que as futuras mamães estão mais preocupadas com a alimentação. Apesar da dificuldade que enfrentam com o cardápio saudável, 73% das gestantes entrevistadas disseram que o equilíbrio na hora de se alimentar é a principal preocupação no âmbito da saúde. De acordo com a pesquisa 'Como vai a alimentação das gestantes brasileiras? A mãe moderna e o desafio da nutrição equilibrada', uma a cada três mulheres grávidas, apresenta dificuldades para manter uma alimentação saudável, porque seu 'dia a dia é corrido demais'.

Essa proporção se acentua em São Paulo, onde 35,4% das mulheres compartilham deste problema, e se mostra ainda mais expressiva na Região Norte, onde metade das gestantes aponta o mesmo obstáculo. A definição de dieta equilibrada foi apresentada como um cardápio balanceado que inclui frutas, vegetais, legumes, nozes e grãos integrais, além de fontes de proteínas e carboidratos, conforme as diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS). 

O cuidado com a saúde mental, para alívio do estresse e da ansiedade, aparece em segundo lugar, com 14%, seguido pela busca por um sono reparador, com 9%, e da prática de exercícios físicos, com 3%.

“A pesquisa nos mostra que o estilo de vida da mulher moderna pode dificultar a adoção de uma alimentação equilibrada. Mas há uma outra questão: nem sempre um cardápio saudável é o suficiente para suprir todas as necessidades nutricionais em um momento de intensa atividade fisiológica como a gravidez. No caso do ácido fólico, por exemplo, a quantidade que a alimentação pode oferecer costuma ser insuficiente”, afirma Eurico Correia, diretor médico da Pfizer, empresa responsável por encomendar o levantamento em conjunto com a Nestlé.

Em seu modelo de cuidado pré-natal, a OMS recomenda a adoção da suplementação oral diária de ferro e ácido fólico, como forma de diminuir o risco de anemia nas mães, infecção pós-parto, baixo peso ao nascer para o bebê e parto prematuro.

Apesar das recomendações internacionais, 84% das gestantes entrevistadas acreditam que manter uma alimentação equilibrada é o suficiente para ingerir todas as vitaminas e minerais necessários na gravidez. E apenas 56% afirma fazer uso de multivitamínicos por recomendação médica. Na outra ponta, 12% do total não ingere nenhum tipo de suplemento nutricional porque acredita que sua alimentação é equilibrada o bastante para suprir todas as necessidades nutricionais. 

Mito da cerveja 

Se a importância da suplementação não é plenamente conhecida pelas gestantes brasileiras, a crença em mitos também chama a atenção. Mais de 43% delas acredita que a mulher pode e deve consumir cerveja preta durante a gravidez e a amamentação para aumentar a produção de leite materno ou simplesmente não sabe dizer se essa crença é mesmo verdadeira. 

“A suposta ação da cerveja preta é uma crença bastante famosa no imaginário popular, mas não há nenhuma evidência científica que fundamente essa relação. Na verdade, não existe uma quantidade segura de álcool para o consumo durante a gravidez. Trata-se, sim, de uma substância que pode trazer consequências graves para o bebê, como parto prematuro, aborto, deficiências no feto e até mesmo a síndrome alcoólica fetal”, afirma Correia.

Percepções 

Quando perguntadas sobre as mudanças positivas que a gravidez desencadeou em seus hábitos alimentares, 77% das entrevistadas afirmam que passaram a incluir mais frutas e verduras na alimentação na comparação com o padrão alimentar anterior à gestação.

A importância dos alimentos frescos aparece novamente quando as entrevistadas apontam quais itens deveriam fazer parte da dieta habitual da gestante para uma alimentação equilibrada, de modo que 91% delas destacam a necessidade de frutas, verduras e legumes. Uma a cada cinco gestantes entrevistadas, identifica o peito de peru, que na verdade é um produto embutido, como um alimento saudável. 

Em relação às carnes processadas, o mecanismo de defumação, os conservantes e o excesso de sal presente nesses alimentos podem estar associados a tumores de estômago e de intestino, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). “E há outras questões que chamam a atenção nesse tema. Os dados mostram também que a menor parte das gestantes identificou as nozes e castanhas como alimentos saudáveis. Porém, elas são ricas em ômega-3, um componente importante para o desenvolvimento do cérebro do bebê”, afirma Tamara. A importância dos ovos também é subestimada. Apenas 30% valoriza esse alimento.

“Esses dados nos mostram que, por mais que a nutrição seja um assunto muito discutido atualmente, ainda existe um forte trabalho de educação sobre essa temática que precisa ser realizado no Brasil, especialmente quando estamos tratando de um momento tão singular como a gravidez. Afinal, sabemos que uma gestante bem nutrida pode proporcionar as condições ideais para o desenvolvimento de seu filho. Mas o benefício da alimentação balanceada nessa fase é duplo, pois ele também se estende para a própria saúde materna, uma vez que o cardápio saudável ajuda a reduzir os riscos de diabetes gestacional, hipertensão e outros problemas associados a essa fase”, conclui Correia.

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