Por O Dia
Publicado 22/04/2018 03:00

Rio - Uma doença silenciosa e perigosa, a hipertensão arterial tem atingido cada vez mais crianças e adolescentes. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), de 6 a 8% dos jovens brasileiros, entre 7 e 20 anos, apresentam pressão alta. O aumento da prevalência da doença é quase o dobro nos últimos 20 anos na faixa de idade e possui relação direta com o consumo de alimentos industrializados e com o sedentarismo, apontam os especialistas.

O maior risco da hipertensão infantil é o comprometimento dos rins, além de aproximar mais cedo a ocorrência de doenças graves, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Por isso, o diagnóstico precoce é essencial. "A orientação é que a pressão seja verificada a partir dos 3 anos de idade pelo menos uma vez ao ano pelo pediatra. Os sintomas, como tontura, dor de cabeça, só aparecem quando a doença já evoluiu para a forma grave. Então esperar um indício para investigar é muito pouco", explicou a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão, Frida Plavnik.

.Arte / O DIA

Não só o histórico familiar influencia no aparecimento da pressão alta, mas o sobrepeso, a falta de atividade física, além de maior ingestão de sal também são fatores de risco. Na adolescência, o uso de anabolizantes e anticoncepcionais, e o consumo de bebidas alcoólicas pesam sobre a doença.

Segundo a SBC, crianças obesas têm oito vezes mais chances de desenvolver a hipertensão. Preocupantemente, uma pesquisa da Sociedade de Cardiologia do Estado Rio (Socerj) mostrou que o excesso de peso em crianças de 10 a 15 cresceu de 31,9% para 45,2% em um período de 30 anos. Já a obesidade teve aumento de 10,3% para 22,2%.

MUDANÇA DE HÁBITOS

A primeira intervenção para o tratamento da doença é a mudança do estilo de vida da criança ou do adolescente. "Geralmente, o acompanhamento de uma nutricionista para uma dieta regulada e a prática de atividade física conseguem reverter a pressão alta. Em casos mais graves, só a medicação", detalhou Frida.

Para a presidente da Socerj, a cardiologista Andrea Brandão, é essencial um envolvimento de toda a família no tratamento e também na prevenção do problema. "Os pais precisam dar o exemplo da alimentação saudável e do estímulo físico da criança. O hábito é formado muito mais pelo exemplo do que pela fala ou pela restrição", destacou.

O acompanhamento do paciente, entretanto, precisa ser feito durante toda vida. É o caso do estudante de medicina Arthur Bergamo. Com 24 anos, o jovem tem hipertensão desde os 14. "Eu já apresentava um sobrepeso e descobri a pressão alta quando fiz um exame para entrar na natação. Foi um susto, não tinha sintomas. Mas eu nunca gostei muito de me movimentar e meu pai já tinha problemas no coração", contou.

No tratamento, Arthur emagreceu 10 kg. "Eu já comecei com a medicação por conta da gravidade, são 10 anos tomando remédio. Também me preocupo com a dieta: pouco sal, evitar fritura, levo marmita", disse.

No lanche da escola, a médica Andrea destaca uma atenção especial. "É preciso evitar alimentos embutidos, bolachas, doces, refrigerante, energético, entre outros. E os pais precisam aproveitar todas as oportunidades para fazer a criança se movimentar, sair do computador, TV ou video game", reforçou. 

Reportagem da estagiária Luana Dandara sob supervisão de Angélica Fernandes

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