- Divulgação /Secom PMDC
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Por *Julia Noia

Rio - O Ministério da Saúde decidiu concentrar esforços na juventude e decretou que o Setembro Amarelo é o mês de conscientizar os jovens brasileiros sobre questões relativas a suicídio. Segundo a pasta, a cada cem mil jovens, 5,6 cometem suicídio, índice 20% acima da média mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em todo o país, o mês suscitou debates sobre depressão, doença mental que teve mais de 27 mil casos diagnosticados em 2018.

Vitor Friary, psicólogo e diretor do Centro de Mindfulness do Rio de Janeiro, avalia que a doença pode apresentar seus primeiros sinais ainda na adolescência, entre 12 e 17 anos, e não se pode negligenciar sintomas. "Hoje, a depressão já é reconhecida como um transtorno mental recorrente, ou seja, uma pessoa que já tenha tido um episódio de depressão, tem 50% de chances de ter mais um episódio no futuro", explicou, recomendando o contato imediato com um profissional. Para amigos e familiares, ele ressalta: "importante reconhecer que a depressão não é frescura, ela não acontece porque a pessoa quer".

Recuperação

Agindo da forma correta, os mais próximos são essenciais para o processo de recuperação. "O principal é levar ao especialista, ao psiquiatra, para fazer o diagnóstico. O leigo não é obrigado a saber como lidar, mas deve entender que não é apenas uma tristeza, e sim uma doença", esclareceu Elie Cheniaux, psiquiatra e doutor em Psiquiatria, Psicanálise e Saúde Mental.

Friary acrescenta que, para o depressivo, o suicídio é uma "forma de cessar o sofrimento", e é aí que amigos e familiares devem se empenhar. "Primeiro de tudo, o acolhimento é essencial, mesmo que seja apenas ouvindo, se mostrando uma pessoa confiável, criando uma conexão com ela", disse. No tratamento psicológico, ele avalia como mais eficientes a terapia cognitivo-comportamental e o mindfulness, prática que ajuda a entrar em contato com o presente momento e a reduzir a influência de pensamentos negativos sobre o paciente.

O Ministério da Saúde disponibiliza Centros de Atendimento Psicossocial (Caps) e Unidades Básicas de Saúde. Em casos extremos, a pessoa pode procurar o Centro de Valorização da Vida (CVV) para prevenção ao suicídio com atendimento voluntário e gratuito, através do telefone 188 (ligação gratuita).

O sofrimento do policial federal

Durante o Setembro Amarelo, dois policiais federais cometeram suicídio dentro de instalações da PF. Segundo dados da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), entre 2010 e 2019, 33 policiais tiraram suas vidas. O suicídio é a principal causa de morte de policiais federais no Brasil.

"Percentualmente, é um dado alarmante. Estamos perdendo mais policiais para o suicídio do que para morte em combate, em reação a abordagem de criminosos e acidentes de trânsito", afirmou Luiz Boudens, vice-presidente da Fenapef.
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*Estagiária sob supervisão de Luiz Almeida
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