No começo de janeiro, um caso de febre hemorrágica alertou os brasileiros: o primeiro depois de mais de duas décadas. A doença, que até agora só teve quatro casos registrados, três em área silvestre em São Paulo e um em ambiente laboratorial no Pará, causou uma morte no dia 11 de janeiro, em São Paulo. O paciente, morador de Sorocaba, no interior do estado, deu entrada no hospital no dia 30 de dezembro, e faleceu apenas 12 dias depois de apresentar os sintomas.
A doença está presente no mundo na forma de seis vírus, e o Arenavírus afeta a América do Sul e a África. Segundo Davis Ferreira, virologista e professor da UFRJ, o vírus possui hoje 90% de similaridade com o Sabiá, responsável pelos primeiros casos no país e ainda sem espécie definida.
O virologista explica que o Arenavírus é encontrado em roedores sem apresentar sintomas, e é passado hereditariamente. Nos humanos, a infecção ocorre de forma acidental por meio do contato com fezes, urina ou saliva de animais contaminados, e geralmente acontece em áreas rurais ou locais com deficiência de saneamento básico. Davis explica que a contaminação exige uma convergência de fatores, como quantidade de roedores na área, mutações do microorganismo, e se outras pessoas foram infectadas na localidade, por exemplo.
A febre hemorrágica pode ter incubação de uma a três semanas, quando aparecem sintomas como febre; mal-estar; dores atrás dos olhos, na garganta, no estômago e na cabeça; e sangramento nas mucosas. Depois, evolui para sintomas neurológicos e avança causando hepatite e extravasamento de vasos sanguíneos. Na hora do diagnóstico, a variedade de sintomas da doença pode se confundir com outras já bem conhecidas.
"Febres hemorrágicas virais possuem similaridades: são restritas a lugares em que os hospedeiros vivem, infectam humanos de forma acidental, podem ser transmitidos entre pessoas e geralmente não têm cura.
*estagiária sob supervisão de Bete Nogueira