Por clarissa.sardenberg

Brasília - A sessão de julgamento final da presidente afastada Dilma Rousseff desta segunda-feira, foi retomada às 14h13 após intervalo de pouco mais de uma hora para almoço. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi o primeiro a fazer perguntas a Dilma, dizendo estar "surpreso" que seu encontro com a presidente após tantos debates seja nesta situação. Visivelmente atingido pelo discurso de Dilma, o senador afirmou que quem perde uma eleição não tem do que se envergonhar.

"Não é vergonha nenhuma quando se perde cumprindo a lei", declarou Aécio, em seguida, acusando Dilma de ganhar as eleições com mentiras. Ele afirmou que nos debates de 2014, Dilma escondeu dos eleitores a verdadeira situação econômica do país.

"O voto, sabemos nós, não é um salvo-conduto. É uma delegação que pressupõe deveres e direitos, e o maior dos deveres é o respeito às lei, à constituição", afirmou Aécio, que perguntou em seguida em que medida Dilma se sente responsável pela crise econômica que o Brasil passa.

Dilma respondeu que concorda com o Senador e em seu discurso fez referência às medidas que foram tomadas para atrapalhar seu governo após a eleição, segundo ela. "Eu saúdo todos aqueles que participam de eleições diretas, inclusive o senhor, que tem meu maior respeito por isso", disse Dilma, dirigindo-se a Aécio. "O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) permitiu minha diplomação porque não encontrou nenhuma irregularidade", frisou a presidente afastada, dizendo que o mesmo tribunal abriu investigação sobre as contas de campanha do senador tucano.

Senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi o primeiro a questionar Dilma após recesso para almoço Agência Brasil

Questionada sobre a situação da economia do país, com a inflação que ultrapassou os 10%, a presidente afastada atribuiu a crise à queda no preço das commodities – como petróleo e minério de ferro – que impactaram na queda de arrecadação.

Ela também destacou o cenário internacional afetado, pouco depois de sua reeleição, pela decisão norte-americana de abandonar a politica de expansão fiscal, levando à elevação dos juros americanos e do valor das moedas. “Não foi só o real. Todas as moedas foram atingidas”, afirmou.

Além de Aécio, pelo menos, mais 38 senadores devem fazer perguntas ainda hoje à presidenta afastada. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) foi o segundo a se manifestar. Como cada um tem cinco minutos para inquiri-la e ela não tem limitação de tempo para responder, a expectativa é que esta fase invada a madrugada.

No intervalo da sessão em que a presidenta afastada Dilma Rousseff apresenta sua defesa no julgamento do impeachment, o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), afirmou que, apesar das críticas dela ao governo Temer e a parlamentares governistas, o voto dos senadores não deve mudar. "Pode comover alguns lá fora, aqui dentro não", afirmou.

Senadores favoráveis ao afastamento definitivo de Dilma dizem que ela tem dado respostas muito técnicas e que, até então, não está sendo convincente em seus argumentos para desmontar a tese da acusação de que cometeu crime de responsabilidade.

Ausências

Diferentemente dos últimos dias, hoje, o plenário do Senado está lotado de parlamentares, convidados, jornalistas e assessores. Dois senadores estão ausentes: Wellington Fagundes (PR-MT), que está internado em um hospital particular na capital federal desde a noite do último sábado, quando sentiu-se mal durante a sessão. Já o senador João Alberto Souza (PMDB-MA) está no Maranhão, mas, segundo a assessoria de seu gabinete, chega ainda nesta tarde a Brasília.

Câmara

A expectativa é que na parte da tarde, pela primeira vez, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acompanhe a sessão do plenário do Senado. A assessoria do parlamentar no entanto, não confirma a informação.



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