Por nicolas.satriano
“Vou abrir um museu de erotismo em casa. Tenho peito%2C boneca inflável%2C luvas... Algumas coisas a gente consegue usar”Maíra Coelho / Agência O Dia

Rio - Sem censura, sem vergonha... Autêntico. Não é à toa que José Loreto caiu nas graças do público com suas tiradas bem-humoradas e excitantes no ‘Amor & Sexo’, comandado por Fernanda Lima. Na bancada, ele arrisca e petisca, fala e faz o que tantos gostariam e não têm coragem. Dá a cara a tapa.

“Eu era mais reservado, mas acabo me soltando, porque ali tem uma magia. O que poderia se tornar um bafafá fica leve, passa batido. Às vezes, a imprensa pega pedaços e aumenta, mas eu me sinto seguro e à vontade para falar o que eu quiser. Acho importante desmistificar a macheza. Tenho lido a respeito do tema (sexo) e dou minha opinião sincera, de quem está aprendendo quase que ao vivo”, diz Loreto.

E, vamos combinar, numa sociedade machista como a nossa é preciso ser cabra-macho para defender, frente a milhões de pessoas, o direito do homem de gostar de ‘fio-terra’, como ele fez durante um programa. “O cara não vira gay por isso. Lembro que as pessoas falavam que quem usava brinco na orelha esquerda era homossexual. Sempre existiu esse tipo de coisa, e acho uma baita bobagem. Nosso corpo é livre para sentir prazer de qualquer maneira. Levanto a bandeira mesmo. Liberdade para o corpo, sem preconceito. Vejo muitos homens cheios de segredinhos, e não precisa disso. Claro que, na hora, eu pensei muito rápido, foi no improviso. Mas quero quebrar tabu”, explica.

A frase repercutiu, gerou polêmica e discussão nas redes sociais. “Não é que sou adepto do ‘fio-terra’. Foi uma opinião em relação ao macho. Não estou falando o que eu faço nem o que deixo de fazer na cama, porque é muito íntimo. Sou casado com uma mulher (Débora Nascimento) pública e tento não expor nossa relação. Mas achei boba essa repercussão. Teve gente escrevendo no meu Instagram: ‘Que absurdo’. Absurdo é você, seu bobão, que não tem opinião. Que deve gostar e omite porque é preconceituoso. Mas, de cem mensagens, poucas foram assim. Não gostei da forma como divulgaram, da polêmica, mas adorei o resultado, a maioria concordou comigo. Tem assuntos em que as pessoas não tocam. Acho bobeira. Conversa, experimenta...”, aconselha.

José Loreto com a mulher%2C Débora Nascimento%2C na festa de lançamento de ‘Boogie Oogie’Ag. News

E ele experimenta mesmo. O que parece interessante na teoria, vale aplicar na prática: “Tem essa parte da intimidade que a gente não revela. Mas roubo tudo da equipe de arte, todos os brinquedinhos. Vou abrir um museu de erotismo em casa. Tenho peito, boneca inflável, luvas. Algumas coisas a gente consegue usar. Por que não? Sexo é sempre agradável para mim. Para ambos, espero. Mas é bom a gente saber mais. Volto para casa cheio de ideias. Dá uma motivada, uma apimentadinha. O programa tem aberto minha cabeça, por causa das pessoas que estão ao meu lado, das opiniões. É muita gente doida, para frente. Até a plateia interage, se solta. Com isso, vou quebrando meus próprios preconceitos.”

Numa escala de 0 a 10, para ele, o sexo tem importância máxima numa relação: “É 10, claro. Tem outras coisas importantes também, mas quero um relacionamento longo, duradouro. Então, é preciso cuidado, conversa. Tem fases mais quentes, outras frias. Normal”, atesta o ator.

Certas tradições ele mantém inalteradas. Amante à moda antiga, Loreto não viveria um casamento aberto, por exemplo. “Não sou contra. Mas, para mim, não funciona. Sou possessivo, vingativo, esses são meus defeitos. Mas também acredito que o combinado não sai caro. Se o casal topar ter casos extraconjugais, tudo bem. Eu não consigo. Não dá para imaginar a mulher que amo, com quem divido a casa, quero ter um filho, tendo um caso. Nem eu. Me sentiria muito mal, não conseguiria levar uma vida dupla. Infidelidade, para mim, é fim de casamento.”

Na atração, ele apronta e se justifica, no ar, para não tomar aquela puxada de orelha quando chegar em casa. “A Débora é mais ciumenta do que eu. Mas ela se diverte. Não posso ficar em cima do muro, senão não tem o brilho, o charme. E ela entende, por mais que faça uma cara emburrada às vezes. Quando vou gravar, ela diz: ‘Se orienta. Você tem mulher em casa, e ela é brava’”, brinca.

Se no fim da noite o ator mexe com a libido do público, na faixa das 18h, na novela ‘Boogie Oogie’, ele dá raiva na pele do obcecado Pedro, que luta, incansavelmente, pelo amor de Sandra (Isis Valverde). “Ele ama demais e é capaz de cometer loucuras”, descreve. Em comum com o personagem, Loreto assume que já sofreu muito por não ser correspondido. “Sufoquei mais do que fui sufocado. Tive uma namorada de quem eu ficava em cima, mas sentia que não era recíproco. Racionalmente, eu tinha que me afastar, mas fazia o contrário. Tentei tanto que ela se apaixonasse por mim que a vi me traindo, porque ela não estava mais a fim. Agora, lá em casa o amor é mútuo”, comemora.

Versátil, ele transita da comédia ao drama com a mesma intensidade. Só admite que, para sair do vilão, o processo é mais demorado. “Fico uns cinco minutos meio carregado ainda. Saio puto de cena. Sou viril, e esse personagem pede isso. Dou soco nas coisas, fico possesso. Mas logo passa e volto a ser o Loreto, gente boa e tranquilo com a galera”, deixa claro.
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Com Isis Valverde, que tolera essa descarga emocional em cena, a parceria começa nos bastidores: “A Isis é uma atriz potente e supercuidadosa. Uma vez, ela tinha que me dar um tapa na cara e disse que não ia fazer aquilo. Aí eu falei: ‘Se você não me der esse tapa, vai me atrapalhar.’ Eu precisava daquela reação. Ela é de fácil acesso e me ajuda. A gente tem um bom entrosamento.”
Agressivo, só na história de Rui Vilhena. Gentileza e carisma são alguns dos predicados do ator, que ainda é romântico. “Prefiro dar presentes do que receber. Gosto de dar flores, de dizer que estou gravando e chegar em casa de surpresa.”
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