Por gabriela.mattos
Rio - Com apenas 23 anos, Julio Cezar Garcia da Silva não mede esforços para ajudar a Paraíso do Tuiuti ficar de vez no Grupo Especial. Neste ano, a escola de samba retorna à elite do Carnaval carioca após 16 anos. Além de ser um dos chefes do barracão da agremiação da Zona Norte do Rio, o jovem faz de tudo um pouco: desde organização de eventos na quadra até a pintura dos carros alegóricos. “Não tenho vaidade, ajudo em tudo. Tenho uma ligação muito forte com a Tuiuti. É a minha origem”, reforça.
Julio Cezar é um dos chefes de barracão da Paraíso do Tuiuti%2C mas ajuda em diversos setores da escolaMárcio Mercante / Agência O Dia
Influenciado pelos pais e tios, Julio Cezar começou a desfilar pela Azul e Amarela em 2008, na ala da comunidade. Naquele ano, a escola homenageou o sambista Cartola, conquistou o vice-campeonato e subiu para o Grupo de Acesso. Já no retorno ao Especial, a Tuiuti será a primeira a desfilar no domingo de Carnaval, com enredo sobre o movimento tropicalista.
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“Vamos fazer um belo desfile e lutar para ficar. Só depende da gente para a escola continuar entre as grandes. Queremos quebrar o tabu e ficar no Grupo Especial. Se ficarmos em 11º lugar, será como se fosse nosso título”, enfatiza, confiante, Julio Cezar, que trabalha na agremiação há sete anos. Desde então, ele já empurrou carros alegóricos, pintou as paredes da quadra e também participou da bateria.
O jovem conta que sua rotina costuma ser agitada: todos os dias ele sai de sua casa, no Morro do Tuiuti, em São Cristóvão, e chega às 9h no barracão, na Cidade do Samba, Zona Portuária do Rio.  “Temos hora para entrar, mas nunca para sair. O ritmo é intenso na reta final. Há dias que saímos daqui às 23h”, lembra Julio Cezar, que divide os horários entre o barracão e a quadra da escola. Ele acrescenta ainda que a agremiação começou a organizar o Carnaval de 2017 em março do ano passado.
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Para se dedicar em tempo integral à Tuiuti, ele abandonou os estudos em 2012. “Estava muito empolgado para trabalhar no Carnaval, na escola que minha mãe sempre desfilou”, explica o jovem. No entanto, por incentivo da direção da agremiação e de amigos, Julio Cezar concluirá o Ensino Médio neste ano.
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No dia do desfile, ele prefere entrar na Avenida a ter que assistir ao espetáculo pela televisão. “Não tem como ficar em casa”, brinca. Mas ele ressalta que só entra no Sambódromo depois de toda a agremiação passar. “Espero todo mundo. Depois que a escola chega na dispersão, acompanho até o prédio dos Correios. Uma vez cheguei a desfilar até com a roupa do barracão mesmo. É uma adrenalina na hora”, acrescenta.
Esta reportagem faz parte da série ‘Personagens do Samba’ do DIA Online, que sai todas as segundas, quartas e sextas-feiras. Até o sábado de Carnaval, o DIA contará histórias de pessoas que têm uma forte ligação com as escolas de samba, mas que normalmente não são conhecidas fora dos barracões e quadras.
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Reportagem de Adriano Araújo, Gabriela Mattos e da estagiária Luana Benedito