Sorriso começou a trabalhar na escola como aderecista, aos 17 anos, na época do carnavalesco Joãosinho Trinta. Seu sonho era trabalhar no barracão com o artista que já possuía quatro campeonatos pela Beija-Flor. Começou com o pé direito: no primeiro Carnaval, a Azul e Branco conquistou o pentacampeonato com o enredo “A Grande Constelação das Estrelas Negras”. Ele lembra com carinho do mestre, responsável pelo apelido que carrega até hoje.
“Expliquei para ele que queria trabalhar com Carnaval. Ele me colocou numa mesa para fazer um "teste" com adereço. Eu dei conta do serviço e ele reconheceu. Mandou eu já voltar no dia seguinte. Nunca mais saí, dormia até no barracão, morava lá. Sou Beija-Flor desde de moleque, por ser a escola da minha comunidade, e também admirava muito o trabalho do João", recorda.
A paixão pelas esculturas dos carros alegóricos teve início pouco tempo depois, trabalho que exerce até hoje. Dar forma aos projetos dos carnavalescos com isopores, argamassa, tintas e outras substâncias enche de orgulho Sorriso, que morre de ciúmes de suas esculturas. A árdua missão, iniciada neste Carnaval há mais de seis meses e que chega a 10 horas de trabalho por dia, não o desanima. Ele acredita na volta ao topo da Beija-Flor, que vai para a Sapucaí este ano com o enredo “A virgem dos lábios de mel – Iracema”.
"Estou muito confiante com o trabalho que está sendo feito, vamos fazer um belo desfile. Ainda mais com o diretor de carnaval que nós temos, que é o Laíla, ai a confiança é dobrada", garante.
Em meio a fios de paetê, plumas e uma infinidade de materiais para fantasias e adereços está o franzino Mauro, chamado por muitos de Maurinho. A pouca estatura e a voz mansa engana: ele é o responsável por tudo que entra e sai do almoxarifado, o “centro nervoso” do barracão da Beija-Flor. Com 32 anos de casa, também começou na “era Joãosinho” como ajudante.
“Na época, o Joãosinho começou a gostar de mim, porque eu era ágil. Ele pedia as coisas e eu passava rápido. Quase me colocaram em outro setor um tempo depois e ele falou: ‘Não, deixa o garoto aqui, ele é bom, rápido, dedicado à escola’. E estou até hoje aqui”, conta Maurinho, que também lembra com carinho do carnavalesco. “Era uma pessoa muito boa, humilde e alegre. A gente tinha uma boa relação, ele gostava muito da gente.”
A rotina dentro do almoxarifado é frenética. “Chego às 9h e começo a distribuir o material, mando material para a casa das pessoas, para os carros alegórios, para alas, tudo passa por aqui. Aqui é o centro de todo o material usado para o Carnaval”, explica Maurinho, que conta com quatro auxiliares no setor.
"Carnaval vem com um samba bom, um enredo bom, vamos disputar o título. Agora para ganhar depende dos jurados, a gente não está na cabeça dos jurados", diz.
O último título da Beija-Flor foi em 2015, com o polêmico enredo “Um griô conta a história: Um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhos sobre a trilha de nossa felicidade”.