Por thiago.antunes

Rio - Nada de confetes. A briga entre as 13 escolas de samba do Grupo Especial do Rio e o prefeito Marcelo Crivella esquenta a cada dia. Ontem, o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba, Jorge Castanheira, disse que a maioria das agremiações já deu sinais de que não vai desfilar no Carnaval do ano que vem, caso a Liesa não chegue a um acordo com Crivella, que anunciou o corte pela metade da subvenção distribuída às agremiações, o equivalente a uma redução de R$ 1 milhão para cada uma.

O prefeito quer tirar dinheiro que o governo municipal investe no setor, para, segundo ele, dobrar, de R$ 10 para R$ 20, o valor diário gasto com cada uma das 12 mil crianças matriculadas em 158 creches conveniadas com o município.

Mangueira é uma das quatro escolas que disseram que não desfilarãoMaíra Coelho / Agência O Dia

Algumas escolas, como Mangueira, União da Ilha, São Clemente e Unidos da Tijuca, já haviam antecipado a possibilidade de não desfilarem na Marquês de Sapucaí em 2018, por conta da diminuição da ajuda governamental, que passaria de R$ 26 milhões para R$ 13 milhões.

“Certamente a maioria (das escolas) vai ter esse tipo de comportamento. Porque (o desfile das agremiações) vai ficar inviável”, alega Castanheira. Ele disse que vai aguardar o retorno de Crivella, que viajou ontem para a Holanda, onde acertará detalhes para o Rio sediar a conferência global sobre bicicletas, para marcar uma reunião entre as escolas e ele. “Vamos deixar claro, mais uma vez, a preocupação com o futuro do carnaval carioca, que movimenta uma gama enorme de atividades econômicas, principalmente o turismo, e não pode perder sua qualidade”, afirmou.

Procurada no início da noite, a RioTur informou que o presidente da empresa de turismo, Marcelo Alves, designado para falar sobre o assunto, estava em agenda externa e não poderia responder questionamentos do DIA.

Um deles é a possibilidade de participação de patrocinadores privados, selecionados pela prefeitura, conforme chegou a ser cogitado pelo prefeito. E sobre a posição de críticos, que alegam que o remanejamento de R$ 13 milhões não será suficiente para cobrir investimentos em todas as creches conveniadas, mas somente às vinculadas à 3,6 mil crianças.

Em entrevista ao site ‘Carnavalesco’, o vereador David Miranda (Psol) adiantou que enviará requerimento de informações para que o prefeito detalhe a aplicação de recursos, da ordem de R$ 3 bilhões, que teriam sido arrecadados pelos cofres municipais com o Carnaval deste ano, através da Riotur.

Medida é elogiada

Na segunda-feira, Crivella garantiu que o Carnaval de 2018 terá investimenos na iluminação e som da Sapucaí, afirmando, porém, que é preciso que a sociedade reflita, “sobre usar recursos numa festa de três dias (Carnaval) ou ao longo de 365 dias". Ele lembrou que os 15 mil alunos das 158 creches, não têm sequer iogurte nas refeições.

Ontem, a presidente da Associação das Creches e Pré-Escolas (Acreperj), Eliana Albernaz, divulgou nota de agradedimento a Crivella, “dada a enorme defasagem, de R$551,62, entre o custo per capita (R$851,62) por aluno, e o repasse praticado até então (R$300). De acordo com ela, o Rio está atrás de São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador, que investem entre R$ 350 a R$ 750 per capita. “Dobrar a quantia é reconhecer o valor educativo, até então ignorado”, diz o texto.

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