Rio - Metade da verba destinada nos dois últimos Carnavais às escolas de samba do Grupo Especial, no valor de R$ 2 milhões por agremiação e num total de R$ 24 mihões por ano, será cortada e repassada para creches conveniadas com o município.
O anúncio foi feito ontem pelo prefeito Marcelo Crivella, que ressaltou a intenção de usar a quantia para dobrar a diária que as instituições recebem, de R$ 10 por criança.
Segundo a prefeitura, cerca de 15 mil alunos são atendidos em 158 unidades.
Com o repasse de R$ 1 milhão que seriam destinados a cada escola, a nova diária por aluno passará a R$ 20 e deve ser paga a partir de agosto. O objetivo da medida, segundo o chefe do Executivo, é melhorar a alimentação e o material escolar nas creches.
“O valor que é pago hoje é muito pouco até mesmo para comprar um iogurte. O que estamos fazendo é refletir como gastar melhor. Se vamos usar esses recursos para uma festa de três dias (Carnaval) ou ao longo de 365 dias ao ano”, ponderou o prefeito, em nota.
O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Jorge Castanheira, afirmou que o valor concedido pela prefeitura ao Carnaval nos últimos dois anos permitiu que as escolas viabilizassem seus espetáculos mesmo com os preços das entradas na Sapucaí congelados por cinco anos.
Ele aguarda o agendamento de uma reunião pelo prefeito com a Liga e os presidentes das 13 agremiações que compõem o Grupo Especial atualmente para conversar.
Castanheira não descartou a hipótese de os preços dos ingressos da Sapucaí serem revistos caso a prefeitura mantenha a decisão, e lembrou que Crivella prometeu manter a verba do Carnaval durante a campanha. “As agremiações vão ter grandes dificuldades de fazer o mesmo nível de Carnaval. A gente vai ter que estudar (se será necessário rever os ingressos), não tem esse estudo ainda”, explicou.
Segundo o presidente da Liesa, a subvenção também permitia a realização dos ensaios técnicos no Sambódromo, com entrada gratuita.
Jorge Castanheira diz confiar que Crivella reflitará sobre a importância dos desfiles para a economia da cidade, principalmente em período de crise econômica, já que mais de 1,1 milhão de turistas estiveram no Rio durante o desfile de 2017. “Já existe verba no orçamento destinada às creches e o apoio ao Carnaval também foi colocado no orçamento de 2016 e 2017”, acrescentou.
A prefeitura ressaltou que, apesar disso, o Carnaval vai receber novos investimentos em 2018. Os sistemas de luz e som da Passarela do Samba serão modernizados e serão instalados telões. Informou também que o Conselho de Turismo poderá investir nas agremiações por meio de um fundo setorial ou por caderno de encargos.