Por thiago.antunes

Rio - A delação muito premiada dos executivos da JBS e tudo que os dirigentes das empreiteiras já confessaram na Lava Jato só confirmam o que sempre correu solto: o fato de que políticos que estão no poder mantêm relações promíscuas com boa parte do empresariado.

Os anos avançam e o povo reconquistou com muita luta o direito de eleger diretamente os governantes, dando legitimidade ao processo político. Entretanto, as práticas empresariais não mudaram um milímetro.

Com a redemocratização havia esperança de que as regras de boa conduta nos negócios prevalecessem. Mas o que se constata é que os espertos continuam a se servir do Estado em benefício de seus interesses políticos, empresariais e pessoais.

Na encruzilhada em que políticos e empresários se encontram e se entendem, há dois personagens simultâneos. Um que desempenha o papel público, com imagem e comportamento certinho perante a população e os eleitores.

E há o que encarna na vida privada e oculta, que participa de encontros impróprios, que troca informações relevantes e sigilosas, que faz negociatas sem moral e ética.

Na economia tudo tem preço e nenhuma das atitudes é gratuita ou é tomada por ingenuidade. Por isso, em grandes negócios sempre se escuta falar que há comissões, caixa dois e outras formas de vantagens.

Agora, no episódio JBS, fala-se de doações aparentemente legais que se constituiriam em distribuição de propina e na compra de produtos inexistentes e serviços jamais prestados, lastreados por notas fiscais, contratos assinados e tudo registrado na contabilidade, dando a ideia de que tudo estava regular.

Em meio ao caos é imperativo diminuir o Custo Brasil que representa o quanto se gasta com a burocracia e o sobrepreço nas grandes obras e contratos do Estado. Para que a mudança seja efetiva é preciso que os princípios éticos prevaleçam. Ser esperto não é levar vantagem, principalmente com o dinheiro público, mas ser recompensado de forma justa pelo que se produz com trabalho honesto. 

Gilberto Braga é professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral

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