Por thiago.antunes
Rio - A data de votação da Reforma da Previdência na Câmara é uma incógnita até mesmo para o próprio presidente Michel Temer. Ontem cedo, ele afirmou que a votação da PEC 287 só deveria ocorrer em fevereiro do próximo ano, mas ao longo do dia, mudou o discurso e agora trabalha com a expectativa de votar a proposta ainda este ano.
As datas têm variado conforme avançam ou recuam as negociações com parlamentares para angariar votos a favor da reforma. Ontem mesmo a Comissão Mista de Orçamento adiou para hoje o início das discussões e da votação do relatório final do Orçamento de 2018. Os deputados têm usado essa votação para negociar mais recursos no ano que vem, ano eleitoral, em troca de votos a favor da PEC.

Para aprová-la, são precisos 308 votos favoráveis na Câmara, e esse número está perto de ser alcançado graças à "abertura do cofre" do governo, que vem liberando, sistematicamente, verbas de emendas e outras rubricas do orçamento para atrair deputados indecisos. A ofensiva de Temer não se restringiu aos parlamentares, que afinal são os que votam, mas atingiu também grandes empresários para que pressionem os políticos. E pelo visto deu certo. Ontem foi dia de "romaria" nos gabinetes em Brasília. Na próxima terça-feira, segundo Temer, haverá uma nova contagem de votos, caso tenha conseguido os 308, a proposta vai à votação no plenário.

E em meio às barganhas atrás de votos, o governo pode ter que enfrentar um problema sem precedentes. Conforme o site Tecmundo, hackers invadiram o sistema da Previdência Social e ameaçaram divulgar na Deep Web (rede oculta utilizada por quem quer burlar a lei), nomes, CPFs, e-mails e senhas de cerca de dois mil segurados do INSS caso Temer insista em colocar a Reforma da Previdência em votação.

O grupo contesta a justificativa do governo Temer para aprovar a reforma de que o sistema de aposentadorias registraria constantes déficits. "O povo não foi consultado para a Reforma na Previdência e jamais aceitaria perder direitos garantidos, portanto nesse sentido estou fazendo uma oferta irrecusável: em troca de não expor os dados na Deep Web, peço que o povo seja ouvido e nenhuma reforma que retire direitos seja aprovada, até porque se sabe que o pretexto de rombo na Previdência é uma farsa já denunciada por Auditores da Receita Federal (www.somosauditores.com.br) e por isso não se justificam as mudanças que vão dificultar o acesso aos benefícios, exigir mais tempo de contribuição e reduzir drasticamente os valores a serem recebidos", diz o manifesto dos hackers.

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