Rio - A vida continua corrida e, aos 57 anos, Bernardinho avisa que não está aposentado. Mas já dá para fazer planos para depois do Mundial de Clubes, em maio, pelo Rexona-Sesc. Afinal, a temporada com a Seleção masculina de vôlei não fará mais parte da sua rotina e o técnico carioca já começa a incorporar novos planos na sua vida sem o time brasileiro. Entre eles, uma viagem mais longa em família, projetos na área acadêmica, uma prova de ciclismo e até um meio Ironman.
“Imaginei que fosse diminuir um pouco o ritmo, mas só aumentou. O nível de solicitações para diversas atividades aumentou porque as pessoas têm a impressão de que me aposentei, mas não me aposentei. Não estou mais na Seleção. Mas estou no Rexona-Sesc, me dedico há 20 anos ao clube e tenho uma série de outras iniciativas e trabalhos que sempre fiz. O que tinha de diferente nesta época do ano era a atividade do planejamento e do estudo. Continuo estudando e vendo jogos do masculino. Mas não tenho o trabalho de planejamento, de contatos internacionais, de elaborar uma pré-temporada e temporada. O resto é uma atividade igual com mais solicitações”, conta o treinador carioca.
Aos poucos, outras atividades vão ganhando espaço na agenda: “Tenho programado viagens. Inclusive em julho tinha programado uma com as filhas de uns 15 dias, coisa que não faço há não sei quanto tempo. Embora a Júlia (sua filha de 15 anos) esteja mudando um pouco dessa coisa de viagem comigo e com a família para um curso nos Estados Unidos. Talvez eu vá com a pequena (Vitória, de sete anos) e fique perto de onde ela escolher fazer o curso. Provavelmente depois do Japão, do Mundial de Clubes, eu vá direto para Nova York fazer uma prova de ciclismo. É um grande passeio, em que desafio a mim e não aos outros.”
Manter as atividades físicas é uma das suas prioridades. Entre os desafios, está a disputa do meio Ironman (1,9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21,1 km de corrida). “Vou fazer no segundo semestre. Vai ter um no Rio e um em Miami. Há essas duas possibilidades. Não estou treinando tanto quanto gostaria. Preciso de um pouco mais de tempo para fazer. Nado na praia em Ipanema. É um desafio. Nunca corri 21km. Vai ser pesado. Vou ter que resistir a isso. Já pedalei mais do que os 90km, mas não é simples”, admite.
A vida acadêmica também o atrai: “Tenho uma conversa com instituição de ensino em São Paulo, alguns projetos na área de Educação com os quais comecei a me envolver. Vou ter bastante trabalho, mas não está definido. Quero entrar na área acadêmica um pouco como um mentor, um curso de liderança, algo dessa natureza. Estou trabalhando a quatro mãos com a instituição para montar algo. De alguma forma, orientar os jovens.”
Preocupar-se com a situação política do país também faz parte do seu dia a dia: “Há pessoas que me incentivam. Talvez o mais importante seja tentar instigar os jovens capazes e criar ambiente interessante para que se interessem por esse tema tão relevante. As pessoas não podem simplesmente se abster. Interessa a todos nós. Mas não tenho ambição dessa natureza.”
O vôlei continua presente na vida de Bernardinho. Ele segue como técnico do Rexona-Sesc e o esporte faz parte das conversas com o filho, Bruninho, com quem conquistou o ouro na Rio-2016. “A gente tem conversado muito, falado de outros jogadores brasileiros. Almoçamos outro dia e trocamos ideias. O papo girou muito em torno de vôlei, de Seleção, mais da carreira dele do que da minha”, revela.
Propostas nas quadras também chegaram desde que ele anunciou a saída da Seleção: “Depois do anúncio, tive algumas sondagens, alguns convites de fora. Não me interessa treinar outra seleção que não seja a brasileira. Duas possibilidades me seduziram de universidades americanas. Educação e esporte são duas coisas que me estimulam.”
A longo prazo, seus planos incluem estar nos Jogos de Tóquio-2020 como torcedor ao lado da família. Se estivesse na arquibancada na Rio-2016, ele teria uma lista de competições que desejaria ter assistido.
“Gostaria de ter visto à canoagem na Lagoa, torcer pelo meu amigo Jesus (o técnico Jesus Morlán) e pelos atletas dele. Gostaria de ter ido à ginástica olímpica, ao velódromo, ao basquete, ao handebol. Obviamente que iria a muitos jogos de vôlei. Mas gostaria de rodar um pouco por tudo, sentir um pouco o clima. Tenho o maior carinho e admiração pela turma da vela. O que puder ver vou ver. Isso é uma coisa que nós, como família, temos falado. Queremos passar lá 15 dias com mochila nas costas vendo o que pudermos ver”, planeja.