Por bferreira

Rio - O futuro vascaíno para o próximo triênio (2018/2019/2020) começa a ser definido na próxima terça-feira, dia 7 de novembro. Com eleição indireta, os sócios do Vasco votarão nas chapas para definir parte do Conselho Deliberativo, que irá escolher o novo presidente. A chapa vencedora poderá indicar 120 sócios (e a segunda terá direito a 30), que se somarão aos 150 conselheiros natos.

O ATAQUE entrou em contato com os três candidatos a presidente e enviou as mesmas perguntas sobre seus projetos para o Vasco. Em busca da reeleição, Eurico Miranda foi o único que não respondeu.

Conheça os candidatos

Julio Brant foi segundo colocado na eleição passada%2C em 2014%2C Divulgação

Julio Brant
Segundo colocado na eleição passada, em 2014, Júlio Brant, 40 anos, tenta novamente chegar à presidência do Vasco com o apoio de ex-jogadores do clube, como Edmundo, Felipe e Pedrinho. O jornalista e administrador se uniu ao candidato Alexandre Campello, que será o vice, para formar a chapa 'Sempre Vasco Livre.'

Fernando Horta é candidato à presidência do VascoDivulgação

Fernando Horta
Ex-aliado de Eurico Miranda, Fernando Horta, 65 anos, renunciou à vice-presidência geral do Vasco e concorre pela segunda vez ao cargo (a outra foi em 1988). Presidente da escola de samba Unidos da Tijuca, o empresário português se uniu a Otto de Carvalho, presidente do Conselho Fiscal, e sua chapa é a 'Mudança com Segurança'.

Entrevista com os candidatos:

- Qual o projeto para equacionar as dívidas do Vasco? Em quanto tempo é possível regularizar as finanças?

FERNANDO HORTA: O maior projeto para equacionar as dívidas é agir com transparência e responsabilidade. O responsável por toda essa estruturação financeira é o Grande Benemérito e empresário Jorge Salgado. É um nome que dispensa apresentações dentro e fora do Vasco. Vamos profissionalizar o nosso marketing para aumentar as receitas com uma estratégia de aproximar o maior tesouro do Vasco, que é o vascaíno, com o clube.  Daremos voz aos vascaínos através da eleição direta, inclusive para determinadas categorias do sócio torcedor. Em relação às dívidas, criaremos um comitê para reestruturá-las e logicamente criar um fluxo de pagamento que seja capaz de honrarmos com as receitas que o Vasco tiver. O nosso projeto está voltado para mostrar aos sócios, torcedores e ao mercado que o Vasco agora é gerido de maneira séria, por pessoas competentes e comprometidas. O vascaíno e as empresas parceiras vão ter certeza de que o dinheiro deles está sendo investido no clube. Vamos estimular e alavancar o programa de sócio, investir bastante no marketing, principalmente na área comercial, abrir a caixa preta que hoje é o Vasco e oferecer oportunidades. Por estarmos atrasados, temos um potencial de crescimento muito grande e vamos aproveitá-lo. Eu sou empresário há muitos anos e sei a importância de se ter confiança no que investe. Não é à toa que reuni mais de 500 pessoas, entre elas mais de 300 empresários, num evento de adesão. Sei que eu e minha equipe temos credibilidade na praça e o Vasco vai voltar a ter.

JULIO BRANT: Nós criaremos um comitê gestor da dívida com profissionais de excelência do mercado para entendermos a real situação que o clube é administrado. A situação econômica do Vasco é preocupante. Quem está no comando não é transparente com os números. Ninguém sabe o tamanho da dívida. O Conselho Fiscal recomendou a reprovação das contas de 2016, mas parece que os poderes não são respeitados como deveriam, pois tudo está concentrado na mão de uma só pessoa. Isso é inviável no contexto do futebol atual. Não conhecemos, de forma clara, quem são os nossos credores. 

- É possível fazer grande investimento no futebol para 2018? Pretende trazer um nome de peso para ser ídolo?

HORTA: É possível quando agimos com inteligência. Estamos há pelo menos 4 anos sem um planejamento sério no futebol, sempre trocando pneu com o carro andando. O Vasco jogou a mesma competição que o Zé Rafael ano passado. Ele foi para o Bahia e está sendo um dos destaques do campeonato. Como o Vasco não mapeou esse jogador? Porque não tem planejamento.  Isso é um exemplo mas tem vários. Nós vamos investir no setor de análise, mapear o mercado em geral, com boas oportunidades e montar um projeto sério. Logicamente, assim vamos chegar antes aos jogadores e os melhores vão querer estar aqui. Sobre o nome de peso, veja bem, nós sempre vamos tentar trazer os melhores para o Vasco. Todo time precisa de um jogador cascudo, para ser a referência e esperança da torcida e é claro que nós pretendemos preencher o elenco com jogadores com esse perfil.

BRANT: Sim. Esse é o pensamento que representa um clube gigante como o Vasco. E falar um nome neste momento político ou prometer milhões de dólares em investimentos seria mentira ou oportunismo. Justamente, o oposto daquilo que prego e das minhas convicções profissionais. O que posso dizer é que temos pessoas competentes para trabalhar no futebol e com credibilidade no mercado para voltar a fazer com que um jogador de alto rendimento queira vestir a camisa do Vasco.

?- Qual seu projeto para modernizar São Januário? Pretende mandar clássicos no estádio?

HORTA: Eu pretendo que São Januário seja um estádio moderno, confortável e capaz de abrigar todo tipo de jogo, seja ele clássico ou finais de competições importantes, pois vamos voltar a disputá-las. Agora, se vamos jogar uma partida de maior porte no estádio ou no Maracanã, vamos analisar caso a caso.  Em relação à modernização eu repito o que venho dizendo: Eu sou português, mas não vendo sonhos. Será uma honra poder reformar São Januário no meu mandato, mas isso só vai acontecer se a gente encontrar uma boa oportunidade, viável. Nós reconhecemos como excelente o projeto desenvolvido pelos arquitetos do Novo Complexo São Januário. Gostaria de parabenizar os arquitetos por essa iniciativa. São esses vascaínos que nós queremos cada vez mais dentro do clube, gente que quer servir ao Vasco e não se servir do Vasco. Dispensaram tempo e dinheiro e criaram um trabalho muito completo, que analisou todas as necessidades e coloca São Januário no século XXI, sem perder a sua tradição. Tivemos algumas reuniões com os desenvolvedores do projeto e, confirmando a minha vitória na eleição, sem dúvidas vamos aprofundar e buscar essa reforma. Mas essa questão envolve outros fatores como pressionar politicamente o poder publico para ampliar as vias de acesso.   De qualquer forma, na minha gestão, criaremos um comitê que tratará dessa questão com prioridade pois quero que em 2027, já com outro presidente a frente, quando comemorarmos o centenário do estádio, ele já esteja ampliado e reformado.

BRANT: Queremos aliar São Januário a esse passado de vitórias às demandas mais atuais do mundo do futebol. Nada de arenas ou modernidades que não combinem com nossa essência. Para isso, vou utilizar a minha experiência de uma vida profissional intensa em estruturação e viabilização de grandes projetos. A 'Tecnoplano', empresa global de origem portuguesa, que projetou o principal centro de treinamento da Europa, está conosco. Eles desenharam uma reforma que mantém as características bucólicas do estádio, e ao mesmo tempo confere acessibilidade, mais conforto e uma cobertura integral. Queremos fechar o anel para aumentarmos a capacidade e dar mais conforto ao vascaíno. Além disso, no projeto está incluso melhorarias no acesso, banheiros e reforma de toda área para imprensa, inclusive as cabines de rádio e televisão. Um estádio que garanta a presença do vascaíno que pode pagar de R$ 10  até 200. Todas as classes sociais vão ser contempladas no estádio. Nós temos uma previsão de orçamento que está em R$109,8 milhões para reforma do estádio. Dentro do projeto, vamos aumentar a capacidade e vender cinco mil cadeiras especiais a R$ 20 mil, com 15 anos de direito de uso em todos os jogos em São Januário. Elas serão confortáveis, com local privilegiado e terão o nome do sócio. Nisso são R$100 milhões de receita garantida para o projeto.
 

- Como vê o atual programa de sócio-torcedor? Como pretende alavancar mais sócios? Eles terão direito a voto?

HORTA: Como disse anteriormente, o vascaíno quer ter voz.  E o ponto de partida é permitir que o maior numero de vascaínos tenha condições de escolher o presidente do clube de forma direta.  Sendo assim, trabalharemos para que o estatuto do Vasco seja reformado nesse sentido e que algumas categorias do sócio torcedor possam ter direito a voto. Vamos investir muito no digital, criar uma base de dados para entender e nos comunicarmos melhor com cada perfil de torcedor, oferecer o clube para ele e tenho certeza de que tendo segurança na diretoria e vendo as vantagens de ser sócio, o torcedor vai voltar a comprar as ações do clube e o programa vai alavancar, revelando a real força e tamanho da nossa torcida. Também vamos criar as 'Casas do Vasco'.  De início nas capitais do Brasil, para explorar nossa torcida nacional e aproximar o clube do torcedor que está longe, oferecendo encontros, eventos, transmissão de jogos, alugando o espaço e promovendo ações do clube. Queremos o vascaíno se sentindo perto, presente e participante da vida do Vasco.

BRANT: Há um gigantesco número de torcedores que nos relatam a vontade de serem sócios do Vasco, mas que não investem na administração de Eurico Miranda por não terem ideia de como o dinheiro será aplicado. O sócio-torcedor precisa ter a transparência e a certeza do investimento sendo corretamente utilizado. Além disso, acreditamos que o sócio tem que ter condições de expor sua vontade no clube, participar ativamente da vida política, poder  votar e ser votado, em uma relação transparente e democrática. Dessa forma, temos convicção de que o movimento de novas associações será natural. Nosso projeto prevê programas de pontuação para aquisição de materiais do Vasco, vantagens de acordo com a categoria, encontros com o time e antigos ídolos em outros estados. Um exemplo prático: 70% de nossa torcida é de fora do Rio. Não podemos deixar essa imensa parcela de apaixonados afastados do cotidiano do clube. Vamos respeitar o torcedor, resgatar sua vontade de contribuir. Essa é a essência do clube que amamos.

- O que o Vasco precisa para voltar a conquistar títulos no futebol nacional?? Em quanto tempo isso será possível?

HORTA: De imediato, vamos montar um time competitivo, ganhar ou não faz parte do esporte, mas teremos um plantel com totais condições de brigar por qualquer título que disputar. Além de bons jogadores, vamos dar toda estrutura necessária, fazer um CT e dar totais condições para que eles possam exercer seu trabalho da melhor maneira, com todo respaldo para que isso se traduza em títulos.

BRANT: É preciso resgatar a grandeza do Vasco diante de todos que estão ao seu redor. Torcida, imprensa, mercado, patrocínios. E, para isso, precisamos inserir exatamente esse conceito de gestão. Nas demandas do futebol atual precisa ser gerido por profissionais competentes. Vamos trabalhar em regime de meritocracia e acabar com acordos e favores. Tudo isso são diretrizes fundamentais para o clube voltar a conquistar títulos.


- Recentemente o Vasco revelou jogadores com potencial, como Douglas. Como vê as divisões de base do clube no momento? O que pretende fazer para revelar mais nomes?

HORTA: Não tem como dizer que a base do Vasco é ruim. O trabalho é bem feito e isso tem se mostrado com títulos e jogadores revelados. O que eu vejo são oportunidades de aperfeiçoar esse trabalho. O Vasco tem uma característica única de formar além de atletas, cidadãos. Então vamos investir na escola, alinhar seu currículo com o das melhores instituições de ensino e fazer parceria com universidades para encaminhar esses jovens. Na parte técnica vamos investir de verdade no mapeamento nacional e realização de peneiras. Onde tiver um craque, o Vasco tem que achar. O Centro de Treinamento que vamos construir também vai atender a base, para facilitar essa transição de categorias. Assim, fornecendo toda estrutura e captando os melhores jogadores do país, nossa fábrica de craques vai ser cada vez maior e melhor.

BRANT: Temos um foco claro: a construção de um Centro de Treinamento. É inconcebível um time continental como o Vasco treinar em campo com dimensões menores que as oficiais. Estruturar isso até o fim do primeiro mandato é prioritário. Queremos contar com um CT da base integrado ao profissional, com estrutura para manter esses meninos, que em sua maioria, vem de uma realidade difícil. Alimentação, instrução, auxílio psicológico e todo o suporte que os preparem para serem atletas de alta performance. Vamos equilibrar os salários dos funcionários que trabalham na base a um nível compatível com os profissionais. Além disso, nosso elenco profissional contará sempre com 1/3 de atletas da base, que tenham a vivência do Vasco como já aconteceu tantas vezes com ídolos como Pedrinho, Felipe, Edmundo, Mauro Galvão, por exemplo.


- É possível ter relação mais próxima com os rivais cariocas e pensar numa agenda conjunta que beneficie a todos?

HORTA: Claro que sim. Sou um cara da paz e da harmonia. Para qualquer assunto em que o Vasco não vá sair prejudicado eu estou disposto a dialogar.   Agora, se quiserem prejudicar o Vasco, sei bater de frente com eles.

BRANT:  O rival é meu adversário, não é meu inimigo. O pensamento será sempre em uma agenda para alavancar o futebol do Rio.

-  Pretende manter o time de basquete e vai investir em outros esportes? Como?

HORTA: O Vasco é o maior clube olímpico do Brasil e nós vamos explorar ao máximo essa vertente. Vamos montar uma equipe de marketing para os esportes olímpicos e investir muito na captação via Leis de Incentivo, além de patrocinadores exclusivos. Também vamos dar a oportunidade do vascaíno adotar um esporte, com um pequeno acréscimo em sua mensalidade. Lógico que com toda transparência que essa verba foi destinada para fomentar a modalidade escolhida. Também vamos buscar parcerias com projetos autossustentáveis como o Vasco Patriotas por exemplo, que vai ser reativada na nossa gestão. Queremos o Vasco forte e bem representado em todos os esportes.

BRANT: Em relação a outros esportes precisamos fazer centro de custos separados. Independentemente, cada um com sua estratégia de marketing, vendas e comunicação com a torcida. O esporte tem que se pagar, não pode dar prejuízo, nem precisa dar lucro, precisa de título. O basquete, por exemplo, é inacreditável ter jogado um NBB sem patrocínio na camisa. O remo é outra força do clube e estatutária que precisamos resgatar. Estamos também preparando a entrada do Vasco no mundo dos E-sports. Não podemos ignorar a força deste novo segmento que movimenta quase US$ 1 bilhão. Audiência, internacionalização da marca e atração de novos torcedores são grandes oportunidades que o Vasco não pode perder.

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