Por luana.benedito

Londres - Um novo atentado, o segundo em menos de duas semanas no Reino Unido, deixou sete mortos, além dos três autores, e 48 feridos no sábado à noite em uma zona muito movimentada de Londres.

Três homens atropelaram com uma van os pedestres na famosa London Bridge, antes de descer do veículo para esfaquear várias pessoas no Borough Market, em uma área de bares e restaurantes ao redor do mercado.

Polícia matou os três terroristas.

"Infelizmente, acabam de confirmar que sete pessoas morreram", afirmou a chefe de polícia da capital inglesa, Cressida Dick. A polícia também informou que 48 pessoas foram hospitalizadas.

Muitos feridos foram atendidos no local por lesões que os serviços de emergência consideraram "menos graves".

"Às 22h08 (18h08 de Brasília) de ontem começamos a receber avisos de que um veículo havia atropelado transeuntes na London Bridge", disse um porta-voz da polícia.

"O veículo prosseguiu da London Bridge para Borough Market. Os suspeitos abandonaram o veículo, e um número de pessoas foi esfaqueado", acrescentou a mesma fonte.

Três homens atropelaram com uma van os pedestres na famosa London BridgeDaniel SORABJI / AFP

"Policiais armados responderam rapidamente e de forma corajosa, enfrentando os três homens suspeitos, que foram atingidos por tiros e morreram", explicou o porta-voz da polícia.

A morte dos suspeitos aconteceu "em oito minutos" desde que a Polícia recebeu o alerta do incidente, elogiou a mesma fonte.

"Os suspeitos estavam com algo que pareciam cinturões de explosivos, mas que depois se revelaram falsos", concluiu.

Entre os feridos estão quatro franceses e um australiano, de acordo com seus respectivos governos.

A chanceler alemã Angela Merkel expressou solidariedade e disse que "hoje estamos unidos além de qualquer fronteira pelo horror e o luto, mas também pela determinação".

O presidente russo Vladimir Putin também condenou o atentado e expressou "profundos pêsames" ao povo britânico.

Eleição confirmada 

O atentado aconteceu a quatro dias das eleições legislativas e foi o segundo no Reino Unido em menos de duas, depois do ataque que deixou 22 mortos em Manchester em 22 de maio em um show da cantora Ariana Grande. 

O ataque se parece com o executado em 22 de março perto do Parlamento, quando um homem atropelou várias pessoas na ponte de Westminster e depois esfaqueou um policial. Cinco pessoas morreram na ação terrorista. 

A primeira-ministra britânica Theresa May atribuiu o atentado de sábado à noite em Londres ao "extremismo islamita" e anunciou que as eleições legislativas acontecerão na próxima quinta-feira como estava previsto.

May disse que o país enfrenta "uma nova forma de ameaça", na qual os autores dos atentados "copiam uns aos outros" e se inspiram em "uma ideologia do mal do extremismo islamita".

"O terrorismo alimenta o terrorismo e os autores passam ao ato não com base em complôs cuidadosamente preparados, e sim porque são agressores que copiam uns aos outros utilizando os meios mais ordinários", disse May em Downing Street após uma reunião extraordinária do comitê de segurança.

Vencer a ideologia islamita "é um dos grandes desafios do nosso tempo", completou, antes de ressaltar que a resposta não deve ser apenas realizar operações antiterroristas continuamente, e sim levá-la ao terreno das ideias e a internet "para evitar a propagação".

Quase todos os partidos suspenderam a campanha neste domingo, mas esta continuará "amanhã (segunda-feira) e as eleições gerais acontecerão como estava previsto na quinta-feira, 8 de junho", disse May.

"O Partido Conservador não fará campanha nacional hoje. Vamos avaliar a situação durante o dia", afirmou um porta-voz da formação.

O líder do opositor Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, afirmou em um comunicado que seu partido suspenderá todos os atos eleitorais a nível nacional "como demonstração de respeito aos falecidos e aos feridos".

Também decidiram suspender a campanha o Partido Nacional Escocês (SNP) e o Partido Liberal-Democrata.

O líder do partido antieuropeu UKIP, Paul Nuttall, foi o único que não suspendeu a campanha, porque, segundo ele, "é exatamente o que os extremistas querem que façamos".

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, chamou o atentado de "bárbaro" e injustificável

"Foi um ataque deliberado e covarde contra londrinos e turistas de nossa cidade que desfrutavam do sábado à noite", disse.

Uma testemunha, que se identificou apenas como Dee, de 26 anos, que mora em Londres mas não é britânica, disse à AFP pouco depois da ação, visivelmente emocionada, que foi um "atentado terrorista".

"Uma van bateu contra a mureta da London Bridge e depois apareceu um cara com uma faca, desceu as escadas e entrou em um bar. Um bar francês. Não entrou no bar, estava no terraço", explicou, sem revelar o seu sobrenome e nacionalidade.

"Estavam esfaqueando todo mundo", diz testemunha

Outra testemunha, Alex Shellum, disse à BBC que estava em um bar na London Bridge com amigos quando "uma mulher ferida entrou e pediu ajuda". 

"Ela sangrava muito no pescoço, parecia que haviam cortado o seu pescoço. As pessoas tentaram estancar a hemorragia".

Gerard, que também estava na área, disse à BBC que viu um homem dando pelo menos 10 facadas em uma jovem.

"Estavam esfaqueando todo mundo. Corriam e gritavam: 'Isto é por Alá!'", relatou. 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aproveitou o atentado para pedir à justiça de seu país que retire o bloqueio a seu decreto que pretende proibir a entrada no território americano de pessoas de certas nacionalidades.

"Precisamos da proibição de viajar como nível adicional de segurança!", escreveu no Twitter. 

Trump também ofereceu ajuda ao aliado europeu

"Tudo o que os Estados Unidos puderem fazer para ajudar Londres e o Reino Unido, estaremos lá. ESTAMOS COM VOCÊS. QUE DEUS OS ABENÇÕE!", tuitou Trump.

A London Bridge foi fechada nos dois sentidos, com a presença de muitas viaturas da polícia e ambulâncias. 

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