Rio - Assaltada 12 vezes durante a infância no Rio de Janeiro, algumas delas dentro de coletivos, Giovanna Antonelli passou a desenvolver um medo descomunal, que a paralisava. “Lembro de ter me sentido muito acuada, indefesa. Teve época em que via o ônibus e me tremia toda”, contou a atriz, durante evento da revista ‘Marie Claire’ na semana passada. “Sofri com síndrome do pânico 20 anos atrás e, provavelmente, desenvolvi déficit de atenção, mas meus pais não perceberam isso na época”.
Procurada, a atriz disse, por meio de sua assessoria, que não chegou a ser diagnosticada na época com a doença, mas confirmou o mal-estar que a consumia, superado tempos depois.
Além da violência urbana, que cresce cada vez mais no Rio, várias situações podem desencadear crises de ansiedade, como o estresse da vida moderna, pressões, cobranças exageradas, perdas, dificuldades ou crise financeira, doença grave e até mesmo engarrafamentos.
A psicóloga Miriam Farias, especialista em Hipnose, afirma que vítimas de violência têm mais chances de desenvolver a síndrome do pânico. “Elas passam por uma situação atípica, de muito estresse e muitas vezes podem desenvolver o Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT). Neste caso, somente em lembrar do fato ocorrido a pessoa sente como se vivenciasse tudo novamente, sente o pavor, medo e as sensações corporais ruins”, ressalta.
Para o o psicanalista Nicolau Maluf, a pessoa tem que ter tendência à doença: “Os agentes externos, o estresse constante como as situações de violência seriam um gatilho para o aparecimento da síndrome em quem já possui a predisposição”. Na crise de pânico, os elementos-chave sempre são o medo de ficar louco (perder o controle) ou morrer. “Vigiar as próprias reações corporais está presente. A pessoa fica à espreita dela mesma, temendo que esta ou aquela sensação seja sinal precursor de uma crise com maiores proporções. É o medo se sentir medo”, ressalta.
Mas como identificar se é só um medo natural ou pânico? “O medo natural tem relação com a preservação da espécie, você sente no momento em que está passando por alguma situação de risco ou perigo, mas em seguida a emoção de medo passa. Já na síndrome do pânico não tem nenhuma situação aparente que possa desencadear emoções e sensações de medo. Ele surge do nada, é um medo tão intenso, capaz de limitar a vida a pessoa”, destaca Miriam. O problema pode ser tratado por um psicólogo, com sessões de hipnose, por exemplo, ou por um psiquiatra, com medicamentos, em crises mais fortes.
Alguns sintomas: palpitações, suor, tremores, insuficiência do ar, dor no peito, desconforto abdominal, tontura e vertibem, formigamento no corpo e sensação de frio e calor