Por tiago.frederico
Santa Maria - Uma limpeza é feita na manhã desta quinta-feira no prédio da Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde 242 pessoas morreram em um incêndio, em 27 de janeiro de 2013. Este é o segundo dia de limpeza no local. Nesta quarta-feira, quando a ação começou, foram encontrados 366 peças de calçados das vítimas, peças de roupas, bolsas, carteiras e celulares.
De acordo com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), a maior parte dos objetos estava concentrada perto da porta de saída da boate. Apenas oito técnicos entraram no prédio, na ação que serve para eliminar as mais de duzentas substâncias tóxicas que ficaram no interior da casa noturna.

Os pertences encontrados terão que passar por um processo de descontaminação, antes de serem entregues aos parentes das vítimas, que terão que arcar com os custos de contratar uma empresa especializada para fazer a limpeza dos objetos, conforme determinou a Justiça do Rio Grande do Sul.

Na Kiss%2C não havia saídas de emergência e a única porta de entrada e saída do público estava bloqueada Deivid Dutra / Jornal A Razão / Agência O Dia

De acordo com o juiz responsável pela decisão, Ulysses Louzada, os familiares das vítimas terão que apresentar à Fepam, no prazo máximo de 30 dias, um plano dizendo o que pretendem fazer com os objetos.

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Das oito pessoas que entraram no prédio nesta quarta-feira, cinco são funcionários da empresa que faz a limpeza do local e outros três são técnicos da Fepam. O trabalho é registrado em um inventário.
As atividades nesta quarta-feira acabaram por volta das 18h30. Parte da grade de madeira da fachada da Kiss foi retirada. Grandes sacolas plásticas acomodam os escombros da boate. Segundo o administrador do prédio, nenhum material foi retirado do interior do imóvel, o que deve começar a ser feito nesta quinta.
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As famílias das vítimas do incêndio pediram à Justiça que o letreiro da boate, assim como a fachada do imóvel, não sejam alterados, para que as pessoas lembrem da tragédia ocorrida na casa noturna a fim dela não cair no esquecimento. Segundo o juiz Ulysses Louzada, a limpeza será apenas na parte interna.
Nesta sexta-feira, o juiz deve entrar na casa noturna, a fim de fiscalizar o trabalho de limpeza. Os familiares acompanharam o primeiro dia da limpeza e só foram embora na madrugada de quarta para quinta-feira.
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Em julho deste ano, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou 18 pessoas em relatório sobre a tragédia na Boate Kiss. O inquérito apresentava um total de 22 novos indiciamentos, pelos crimes de falsidade ideológica, falso testemunho, prevaricação, fraude processual e crime ambiental.
Entenda o caso
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O incêndio na Boate Kiss ocorreu na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. O inquérito policial indiciou 28 pessoas. Já o MP denunciou oito. A Justiça aceitou a denúncia e os envolvidos viram réus e serão julgados. Dois proprietários da casa noturna e dois integrantes da banda foram presos, mas receberam liberdade provisória.
Conclusões
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As conclusões a que se chegou a investigação: O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso no palco; as faíscas atingiram a espuma do teto e deram início ao fogo; O extintor de incêndio do lado do palco não funcionou; A Kiss apresentava irregularidades nos alvarás; Havia superlotação no dia da tragédia; A espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada; As grades de contenção obstruíram a saída de vítimas; A casa noturna tinha apenas uma porta de entrada e saída; Não havia rotas de saída em casos de emergência.