São Paulo - O "Fantástico", da TV Globo, deste domingo exibiu reportagem sobre o desaparecimento de embriões produzidos na clínica do ex-médico Roger Abdelmassih. Condenado pela Justiça a 278 anos de prisão por atacar sexualmente 52 mulheres, Abdelmassih é acusado pelas vítimas de ter implantado em outras mulheres ou descartado os embriões que não foram usados na fertilização.
Algumas das vítimas, como Vana Lopes, fizeram o tratamento de fertilização há mais de 20 anos. O tratamento consiste em extrair óvulos da mulher e fecundar com os espermatozoides, o que dá origem a embriões que são implantados no útero da mulher. Muitas vezes são produzidos mais embriões do que os necessários. Alguns são implantados, e outros são congelados, para serem usados em outras tentativas de fertilização.
A dúvida das vítimas de Abdelmassih é sobre o que foi feito dos embriões que não foram implantados. A clínica, fechada depois da condenação do ex-médico, hoje é um laboratório, e os novos donos afirmam terem recebido o imóvel vazio. A suspeita de alguns casais é que os embriões tenham sido implantados em outras mulheres.
Os órgãos de vigilância sanitária, que seriam responsáveis pela fiscalização das clínicas de fertilização, tampouco sabem do destino dos embriões. A Anvisa passou a fiscalizar os relatórios das clínicas somente após o fechamento do estabelecimento de Abdelmassih. A vigilância sanitária estadual se eximiu do problema, afirmando que não se trata de uma questão sanitária.
As vítimas de Abdelmassih pretendem entrar na Justiça para descobrir o paradeiro de seus embriões. Mas um problema que vão enfrentar é a falta de legislação para casos como esse. A regulamentação da fertilização in vitro no Brasil é feita pelo Conselho Federal de Medicina, e não tem força de lei. Por isso, se Abdelmassih descartou os embriões ou os implantou em outras mulheres, ele não cometeu um crime.
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