Por paloma.savedra
Rio - A superbactéria resistente a antibióticos encontrada na Praia do Flamengo por pesquisadores da Fiocruz, como O DIA mostrou segunda-feira com exclusividade, também já havia sido coletada nas águas de Botafogo, segundo o Instituto Nacional do Ambiente (Inea). É o que diz o estudo conduzido pela UFRJ em parceria com o instituto.
Pesquisadores do Inea e da UFRJ identificaram o micro-organismo em fevereiro de 2013, mas o laudo foi divulgado apenas ontem, em reunião entre representantes de órgãos ambientais para tratar do assunto. Foi alegado que era preciso concluir os estudos para poder publicá-lo.
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Como principal medida para combater a contaminação das praias, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e o Inea farão varredura pelos hospitais que margeiam o Rio Carioca em busca dos responsáveis por despejar lixo infectante. Assim que forem identificadas, garante a presidenta do Inea, Isaura Fraga, as unidades deverão ser integradas à rede de esgoto da cidade. Ontem, uma vistoria foi feita no Hospital Silvestre.
Enseada de BotafogoClarissa Sardenberg / Agência O DIA

Segundo Renata Picão, pesquisadora responsável pelo estudo que identificou a bactéria também em Botafogo, ela é pouco agressiva à saúde humana fora do ambiente hospitalar. “Só pode causar infecções urinária e pulmonar em pessoas com o sistema de defesas fragilizado. Mesmo se tiver uma ferida aberta, isso não quer dizer que a pessoa vai contrair a infecção. A princípio, o corpo pode combater, mas precisamos de mais estudos para afirmar com certeza”, explica a especialista em Microbiologia da UFRJ.

“A Secretaria Municipal de Saúde nos informou que até agora nenhum paciente chegou infectado pela bactéria”, disse Isaura Fraga. De todo modo, ela reitera a necessidade de banhistas prestarem atenção aos alertas semanais emitidos pelo órgão com informações sobre a balneabilidade das praias.

“Uma pessoa com baixa imunidade não pode frequentar praia imprópria, com superbactéria ou sem. A Praia do Flamengo fica 70% do ano fora dos padrões mínimos de saúde”, aponta. Os boletins são divulgados em rádios e no site do instituto. Uma nova fase do estudo vai buscar pela mesma bactéria nas praias do estado que apresentem os níveis mais preocupantes de coliformes fecais.
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Técnicos fazem inspeção no Hospital Silvestre
Técnicos da Cedae fizeram ontem uma inspeção no Hospital Silvestre, no Cosme Velho, um dos suspeitos de possuir ligação clandestina de esgoto que estaria contaminando o Rio Carioca, onde a superbactéria foi encontrada por pesquisadores da Fiocruz. Os técnicos da Cedae também fizeram uma inspeção no Rio Carioca na altura do Largo do Boticário, mas num primeiro momento não foi possível constatar nenhum tipo de irregularidade.
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As inspeções, no entanto, vão continuar. No Hospital Silvestre foram detectados alguns problemas nas ligações de esgoto secundárias, mas que, segundo os técnicos, estão praticamente sem uso e não devem ser a causa do problema. “Dificilmente o problema vem daqui. Mas vamos até o fim”, disse Fábio Dias, da Cedae. Os trabalhos foram acompanhados pela vereadora Leila do Flamengo.
Reportagem repercute mundo afora
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A existência de uma superbactéria na Baía de Guanabara, divulgada pelo DIA, repercutiu em todo o mundo.
O ‘DailyMail’, da Grã Bretanha, publicou que “superbactéria resistente a antibióticos é encontrada na baía onde serão disputadas as competições de iatismo e windsurfe na Olimpíada de 2016”.
A BBC, de Londres, também deu destaque ao problema, com a manchete “Olimpíada do Brasil: superbactérias encontradas nas águas do mar do Rio de Janeiro”. Chefe do escritório do ‘New York Times no Brasil’, o jornalista Simon Romero também compartilhou no seu perfil pessoal no Twitter (@viasimonromero) notícias sobre a descoberta da superbactéria na Baía de Guanabara.
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Reportagem de Caio Barbosa e Luiza Gomes
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