Por nara.boechat

Rio - Série de reportagens do DIA sobre a maior seca dos últimos 50 anos no Brasil foi a vencedora do prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo 2013, na categoria Meio Ambiente. Contada em cinco capítulos, a série “A seca tem rosto, nome e sobrenome”, do jornalista Alexandre Medeiros e do repórter-fotográfico Severino Silva, mostrou, em junho do ano passado, a dimensão humana de personagens que sofrem há décadas com o flagelo da estiagem prolongada no semiárido brasileiro.

A série vencedora retratou vidas marcadas pelo sofrimento de pessoas simples, como a lavradora Maria das Graças, que passa os dias à espera da chuva. Ou os agricultores Filomeno Evangelista e Adão, duas gerações que convivem com a seca de modo diferente — o primeiro descrente e o outro criando cabras. E ainda a menina Wigna Graziele, 12 anos, moradora de um assentamento rural, que motivou a reportagem, escrevendo uma carta- desabafo para o autor da série.

Para ver e ouvir de perto o drama das famílias em meio a carcaças de animais abandonadas à beira de estradas, a dupla percorreu, durante uma semana, 1.466 quilômetros pelos estados do Rio Grande do Norte, da Paraíba, do Ceará e de Pernambuco, com paradas em 12 cidades.

O DIA ganha Prêmio Tim Lopes de Jornalismo InvestigativoReprodução Internet

Pelo caminho, a equipe encontrou parentes separados pela seca e um padre missionário, Djacy Brasileiro, que não se conforma com a fome. Ao dar voz a esses fortes sertanejos, a série premiada fugiu das estatísticas e de entrevistas com autoridades. “A situação da seca é desumana. Procuramos humanizar histórias de brasileiros que resistem à falta de chuva, dando rosto, nome e sobrenome a esse drama. Talvez esse seja o grande mérito da matéria, reconhecido pelo prêmio: mostrar o impacto da seca na vida de quem sofre com ela. Espero que essa premiação ajude a repercutir o flagelo, que é um problema nacional, e dê voz a essa gente esquecida”, comentou Alexandre, que, em mais de 30 anos de carreira, se emocionou com mais esta premiação. “Tim era um grande amigo. Éramos compadres”, contou Alexandre. 

Matérias premiadas se destacam pelo tema e esforço dos jornalistas

Os ganhadores foram anunciados ontem pelo Disque-Denúncia, que criou a premiação. Foram mais de 100 trabalhos inscritos, de todas as regiões do país, em oito categorias. O Grande Prêmio foi concedido ao jornalista Vinícius Dônola, pela reportagem ‘Encarcerados’, exibida no Jornal da Record. Para chegar aos vencedores, o júri levou em consideração a importância do assunto, extensão da reportagem, qualidade da edição e esforço despendido pelo repórter para a sua realização, assim como a sua repercussão.

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