Por thiago.antunes
Rio - Antes de divulgar o reajuste das passagens municipais, o prefeito Eduardo Paes afirmou nesta terça-feira, que não teme protestos por conta do aumento. “Isso é contratual, então é normal que aconteça. Ninguém pode temer protesto, pois faz parte do sistema democrático”, alegou o prefeito durante uma agenda em Copacabana. Na página do movimento Passe Livre Rio, no Facebook, já existe um encontro marcado para 5 de janeiro contra o aumento tarifário.
As passagens dos ônibus e vans intermunicipais terão o mesmo reajuste do Bilhete Único— de 12,46% — saindo de R$ 2,80 para R$ 3,15, a partir de 10 de janeiro. A tarifa em dinheiro nas barcas, que hoje é de R$ 4,80, subirá para R$ 5 e os trens de R$ 3,20 vão para R$ 3,30. Os novos preços podem ser praticados a partir do dia 12 de fevereiro, desde que os usuários sejam informados 30 dias antes.
Empresas de ônibus foram beneficiadas duas vezes pelo governo estadual este ano através de dois decretos. O primeiro revogou o ICMS e outro reduziu pela metade o IPVACarlo Wrede / Agência O Dia

Além dos transportes públicos, os táxis também vão sofrer aumento. O reajuste será de 5,8%, a partir de sexta-feira. A bandeirada, que não sofria alteração desde 2 de janeiro deste ano passará de R$ 4,80 para R$ 5,20. A tarifa 1, sairá de R$ 1,95 para 2,05 e a 2, de R$ 2,34 para R$ 2,46 por quilômetro rodado.

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Aumento de mais de 12%
Mesmo com a redução de diversos impostos às empresas de ônibus, Prefeitura e Estado bateram o martelo nesta segunda e decidiram aumentar em mais de 12% as passagens para o ano que vem. O acréscimo de R$ 0,65 no Bilhete Único intermunicipal, que começa a valer em 1º de fevereiro, é o maior da história do benefício, criado em 2010. Passará de R$ 5,25 para R$ 5,90. No município, as passagens tiveram reajuste de 13,3% e passarão de R$ 3 para R$ 3,40 a partir de sábado.
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As passagens dos ônibus e vans intermunicipais vão de R$ 2,80 para R$ 3,15 (aumento de 12,46%) , em 10 de janeiro. Trens subirão de R$ 3,20 para R$ 3,30, em 2 de fevereiro, e barcas de R$ 4,80 para R$ 5, a partir do dia 12 do mesmo mês. No BU, os trens passam a custar R$ 3,20 e as barcas, R$ 3,50. O metrô divulgará seu reajuste em março.
Fátima%2C de Magé%2C diz que aumento é absurdo e Vinícius%2C de Piabetá%2C critica a infraestrutura dos coletivos José Pedro Monteiro / Agência O Dia

Nos cálculos do governo estadual foram levados em consideração o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2014 (6,56%) somado ao mesmo imposto em 2013 (5,53%). A justificativa dada pelo órgão, através de nota, é que os valores precisaram ser atualizados, pois ficaram defasados no ano passado. Em junho de 2013, Estado e Prefeitura suspenderam o reajuste das passagens após as manifestações populares.

No início deste ano, o governo estadual publicou dois decretos beneficiando as empresas de ônibus. O primeiro foi a revogação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) às empresas intermunicipais, em que o Estado abriu mão de R$ 100 milhões de arrecadação. Duas semanas depois, foi concedido às empresas do município e estado, a redução pela metade do IPVA neste ano. Os dois benefícios ainda não foram renovados para 2015.
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Além do Estado, o Governo Federal também concedeu redução de impostos com redução a zero das alíquotas sociais PIS/Pasep e Cofins no ano passado. O dólar, fechado ontem com alta de 12,78% no ano, encostou no aumento das tarifas, que ficou em 12,46% nas passagens intermunicipais e 13,3% nas municipais.
Para o especialista Aurélio Lamare, o reajuste não é justo. “O Estado corrigiu as passagens utilizando o retroativo do IPCA de 2013 por conta das manifestações. Quer dizer que, se houver outra revogação, o próximo aumento será em três vezes?”, indagou.
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Nas intermunicipais, ida e volta custarão mais R$ 16 durante 20 dias do mês

Com o valor das passagens em alta, usuários de transportes públicos vão precisar coçar mais o bolso no ano que vem. Nas viagens municipais, o cálculo de ida e volta custará R$ 13 a mais para os passageiros.
Já nos ônibus intermunicipais, a conta fechará em R$ 16 durante 20 dias do mês.
O morador de Magé Vinícius Vilela, de 21 anos, que utiliza os ônibus intermunicipais para trabalhar, critica a péssima infraestrutura dos coletivos. “Aumentam a passagem e não melhoram os ônibus. Em Magé, tem ônibus com buracos dentro”, declarou Vinícius.
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A doméstica Nathaly Correa, 41, moradora de São João de Meriti, afirmou que o reajuste dificulta a vida de quem trabalha longe de casa. “Os patrões já preferem quem mora perto para não ter que pagar mais com passagem. Com o aumento, diminui as chances de se conseguir trabalho”, disse.
De acordo com o professor de Economia da UFRJ, Mauro Osório, a inflação na cidade do Rio é a maior entre as metrópoles, principalmente por conta da tarifa do transporte publico. “O aumento da passagem é o que há de mais surreal no Rio. É preciso ter mais transparência em relação ao custo e reajuste no transporte publico”, afirma Osório. Para a diarista Fátima Regina Almeida de Araújo, 36, moradora de Piabetá, distrito de Magé, o aumento das passagens é absurdo. “Vai me prejudicar muito porque pago do meu bolso”, contou.
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