Por adriano.araujo

Rio - O juiz Flávio Roberto de Souza afirmou é "absolutamente normal" andar com o carro de Eike Batista, conduta na qual foi flagrado nesta terça-feira. O titular da 3ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio estava dirigindo o Porsche Cayenne do empresário, que é réu em duas ações que ele julga.

A afirmação foi dada em entrevista ao jornal Folha de São Paulo. Ele justificou a decisão dizendo que é para "preservar" o bem e diz que os advogados "preferem a fofoca". "É absolutamente normal, pois comuniquei em ofício ao Detran que o carro estava à disposição do juízo. Vários juízes fazem isso. Ficou guardado em local seguro, longe do risco de dano, na garagem do meu prédio, que tem câmeras. Não foi usado, apenas levado e trazido. Nada foi feito às escuras. Está documentado", disse.

LEIA MAIS

Piano de Eike também pode ter sido levado a uma das residências de juiz

Defesa de Eike fará representação junto ao MPF contra juiz que usou carro

TRF suspende leilões de carros de EikeCorregedoria da Justiça Federal do Rio abre sindicância para investigar juiz

O juiz federal Flávio Roberto deSouza foi flagrado dando uma voltinha no veloz Porsche de Eike Batista, que o próprio magistrado mandara leiloarReprodução

Perguntado o porquê de não ter nomeado um depositário, ele afirmou que não havia ninguém de sua confiança e que a ideia "era deixar o carro menos exposto possível."

Quando questionado se vai dirigir novamente ou se já havia feito isso com outro réu, a resposta foi não. Mas deixou claro que, se quisesse, poderia conduzir novamente o Porsche Cayenne de Eike Batista. "Ele está à disposição da Justiça. Se quiser, posso." 

A defesa de Eike Batista vai levar ao conhecimento da Procuradoria Geral da República, além do presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio de Janeiro), a prática de improbidade administrativa do juiz federal Flávio Roberto de Souza.

Advogados de Eike, Ary Bergher e Sérgio Bermudes pretendem ainda processar o magistrado pelo crime de peculato, cuja pena é de dois a 12 anos. Bermudes já havia afirmado, ontem pela manhã, que também fará representação contra Souza no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão disciplinar da magistratura.

Você pode gostar