Por gabriela.mattos
Rio - A Justiça concedeu, nesta terça-feira, prisão domiciliar aos irmãos Walter e Wagner Pelegrine, responsáveis pela organização social Biotech. O desembargador Siro Darlan concedeu uma liminar pedida pelos advogados de defesa dos irmãos sócios. Eles estavam presos em Bangu desde o último dia 9, acusados pelo Ministério Público de superfaturar contratos da empresa, que administrava hospitais municipais Pedro II e Ronaldo Gazola.
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Segundo os investigadores, a Prefeitura do Rio repassava o dinheiro para Biotech, responsável pela manutenção e gerência dos hospitais. Entretanto, a empresa contratava fornecedores “marcados” e pagava mais caro pelos serviços. Os fornecedores devolviam os valores para a organização, que lucrava com a diferença. Em alguns casos, as empresas contratadas sequer prestavam os serviços. Estima-se que, a cada R$ 3 milhões recebidos, cerca R$ 1 milhão era desviado.
Biotech: reprovada desde 2012
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Escolhida pela prefeitura para gerir o Hospital Pedro II, a Biotech foi reprovada pela Secretaria Estadual de Saúde que, em maio de 2012, indeferiu sua qualificação como organização social de saúde. A OS conseguiu seu credenciamento na prefeitura menos de dois meses antes de ganhar o Pedro II. Como o ‘Informe do DIA’ mostrou em dezembro de 2011, a opção da Secretaria Municipal de Saúde pela Biotech foi polêmica. O resultado da licitação acabou questionado por duas concorrentes.
Três semanas antes de ser agraciada com o Pedro II, a Biotech ficara em sétimo lugar na disputa pela gestão de outro hospital municipal. Os responsáveis pela seleção concluíram que a OS não comprovara a “experiência solicitada”.
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Na licitação do Pedro II, a Biotech revelou que sua experiência em gestão hospitalar era restrita: a OS se limitou a apresentar o currículo de seu responsável técnico, Valter Pelegrine Junior, o mesmo que foi foi preso ontem. Na documentação, a Biotech apontava como sua sede uma casa na Estrada do Catonho, em Sulacap. Lá, um cartaz dizia que a OS estava em recesso.
Uma empresa do mesmo grupo, a GPS Total, era responsável pelo Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari. Na época, a GPS tinha uma dúvida de R$ 866 mil com o FGTS — a contribuição não era recolhida havia três anos.
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Em novembro de 2011, a empresa infringia o contrato com a prefeitura, que exigia a contratação de funcionários pela CLT. Um relatório do Ministério do Trabalho revelou que, entre janeiro de 2008 e outubro de 2011, 707 trabalharam no Hospital de Acari sem carteira assinada. Apesar dos problemas, a Biotech foi contratada para administrar o Pedro II e gerir, entre 2012 e 2014, verba de R$ 275 milhões. Em janeiro de 2013, o ‘Informe’ registrou o atraso no pagamento dos salários dos funcionários do hospital.