Por marlos.mendes

As primeiras iniciativas do governo interino de Michel Miguel Elias Temer Lulia confirmam a verdade do espirituoso rifão: “De onde menos se espera, daí é que não surge nada mesmo.”

Assim que assumiu a Presidência interina, Temer extinguiu a Controladoria-Geral da União — órgão responsável pelo combate a atos ilícitos no governo federal — e nomeou sete suspeitos de envolvimento com a corrupção em seu ministério, deixando com cara de tacho os que saíram às ruas para protestar contra a “corrupção”. O juiz Sérgio Moro agora só dá o ar da graça para pedir “paz no coração”. Toda essa “operação-abafa” é muito coerente com o fato de que o PMDB de Temer, segundo o TSE em 2012, só perde para o PSDB em número de filiados ficha-suja e mostra que a “cruzada antipovo” nada tinha de combate à corrupção, era apenas a luta pelo poder.

Isso ficou ainda mais latente com o áudio do ministro Jucá, onde ele sugere que com a mudança de governo seria possível parar a Lava Jato. Foi o primeiro ministro a deixar o governo.

A extinção do Ministério da Cultura provocou muitas críticas, e os movimentos sociais ocuparam o MinC no Rio e outras capitais. Artistas também demonstraram sua contrariedade com a decisão. O governo teve, então, que recriar o MinC. Porém, continuam extintas as secretarias — que tinham status de ministério — da Mulher, dos Direitos Humanos e da Igualdade Racial, além do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
O governo interino já começa a tomar medidas que atacam os direitos dos trabalhadores com a realização de reformas trabalhista e da previdência, que tem como uma das medidas a elevação da idade mínima para a aposentadoria. Há ainda rumores de privatizações — ou até mesmo da extinção — do Sistema Único de Saúde.

Essas e outras medidas apontam para o fato de que estão em jogo os avanços sociais obtidos nos últimos 13 anos. Porém, a luta contra o golpe cresce. Diariamente temos os mais diversos segmentos da população se mobilizando, e pelo mundo as manifestações de repúdio ao corrupto consórcio golpista não param de crescer, indicando que a democracia não desistiu de lutar.

Roberto Monteiro é advogado e ex-vereador

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