Rio - A expressão “no melhor interesse da criança” é frequentemente utilizada quando nos referimos aos possíveis conflitos gerados por divórcios conjugais.
Se é necessário dizer que devemos priorizar a criança e o seu bem-estar, deduzimos que existem situações em que isso não ocorre ou em que há, pelo menos, dúvida sobre o que seria melhor para os filhos, especialmente quando os adultos estão intensamente envolvidos em litígio.
O fim do casal conjugal não significa necessariamente o fim para o casal parental: ambos os genitores têm um vínculo indissolúvel com a prole. Como favorecer a adaptação dos filhos após o divórcio?
Há repercussões do divórcio na forma de ser pai e mãe. Um divórcio afeta o amor-próprio e demanda que cada um dos agora ex-cônjuges reflitam sobre a separação.
Quanto mais conscientes estão os pais das suas próprias questões individuais relativas ao divórcio, mais possibilidade de resolução de conflitos relativos à esfera da parentalidade terão e, consequentemente, criarão maior diálogo no grupo todo.
Quando os pais se envolvem intensamente em conflitos, os seus filhos podem sentir que a briga do casal diz respeito a eles. Isso reflete na possibilidade de conversar sobre o divórcio, especialmente assuntos relativos ao outro genitor, e em comportamentos de evitação de conflito ou de preocupação excessiva com os pais.
É comum que os filhos vivam um conflito de lealdade, se sentindo culpados e divididos entre os pais, como se tivessem que escolher um único time para torcer em uma competição.
Assim, é importante que os pais estejam atentos ao ambiente que estão criando para os filhos nessa fase de reorganização familiar, evitando trazer questões relativas ao ex-cônjuge para a relação com os filhos.
Dessa forma, é mais viável promover um ambiente seguro para os filhos, que já vivem um momento instável.
Michelle Gorin é mestre em Psicologia Clínica e membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro