Por gabriela.mattos
Rio - O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, bloqueou na noite desta segunda-feira os bens da advogada Adriana Ancelmo, esposa do ex-governador Sérgio Cabral. “Os laços familiares e de intimidade com os demais investigados são inegáveis”, afirmou. Na sentença, diz que “com o aprofundamento das investigações, foi identificada a participação mais efetiva da investigada Adriana Ancelmo na atividade da suposta organização criminosa.” O principal motivo é a aquisição de joias de alto valor, compradas em dinheiro pelo casal.
Os investigadores da Operação Calicute querem saber onde foi parar boa parte das joias. Até agora, das 131 registradas, 40 foram encontradas na casa do ex-governador e 11 na do ex-assessor Carlos Miranda, também preso e identificado como ‘operador financeiro’ do esquema. Ou seja, 80 peças ainda estão desaparecidas.
Justiça determina bloqueio de bens de Adriana AncelmoAntonio Lacerda / EFE

Foram, ao todo, R$ 7 milhões gastos pelo casal e pelo assessor com as joias, adquiridas em lojas como H Stern e Antônio Bernardo, que aparecem entre as empresas do ramo mais beneficiadas por incentivos fiscais na Era PMDB no Rio. A Polícia Federal quer saber, agora, se as joalherias ‘apenas’ sonegavam impostos — não havia emissão de nota fiscal após as compras — ou se participavam do esquema.

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Desde o dia 17, quando foi preso, Sérgio Cabral já recebeu quatro visitas. Além da esposa, o peemedebista matou as saudades do filho Marco Antônio Cabral e do deputado estadual Paulo Melo (PMDB), no dia 24, e do deputado federal e prefeito eleito de Duque de Caxias, Washington Reis (PMDB), no dia 26. As informações foram confirmadas nesta segunda-feira pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). No dia 25, foi a vez da deputada Cidinha Campos (PDT), cujo nome não foi confirmado pela Seap. A própria deputada, porém, falou da visita nesta segunda-feira à ‘Rádio CBN’.
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Avisado na véspera por Marco Antônio, Paulo Melo decidiu acompanhá-lo em solidariedade. De acordo com a sua assessoria, o deputado é grato a Cabral por ter sido, segundo ele, o governador que mais ajudou financeiramente Saquarema, sua cidade natal. Paulo Melo não quis comentar sobre como o ex-governador está no momento.

Ex-assessor de Cabral tem prisão preventiva decretada

O juiz Marcelo Bretas também decretou nesta segunda-feira a prisão preventiva de Paulo Fernando Magalhães Pinto, ex-assessor pessoal de Cabral. Ele é apontado como ‘testa de ferro’ do ex-governador pela Calicute. A decisão tem como base pedido feito pelo Ministério Público Federal.

O magistrado alega que a prisão tem como intuito a garantia da ordem pública e da instrução criminal. “Graves os fatos até então apurados, havendo fortes indícios de que Paulo Fernando integraria o esquema de corrupção em pleno desenvolvimento, sendo suspeito de ser um dos responsáveis por ocultar bens do ex-governador Sérgio Cabral e de custear suas despesas pessoais”, escreveu o juiz.

Paulo Magalhães também seria o responsável pelo pagamento do aluguel da empresa de Cabral. A atuação do assessor, de acordo com Bretas, configura a prática de esquema de lavagem de dinheiro.

Desde o afastamento de Cabral do cenário político, o ex-assessor estaria, segundo a Calicute, “se dedicando à atuação empresarial em vários e distintos ramos, como sócio de muitas empresas.” Ele teria se estabelecido profissionalmente em escritório no Leblon, alugado em junho de 2014 por R$ 42 mil mensais. No entanto, o escritório seria usado não por Paulo Magalhães, mas pelo próprio Cabral, com a empresa Objetiva Gestão e Comunicação Estratégica Eireli, apontou Bretas.

Como justificativa da importância de prendê-lo, o juiz alegou que há “efetivo risco” de que a liberdade do investigado possa criar embaraço às investigações. Antes, Paulo fora preso temporariamente pela Calicute no mesmo dia em que Cabral.

?Reportagem do estagiário Caio Sartori