“A Umbanda é inclusiva. Traz o caboclo, a preta velha, o malandro, a pombagira, a criança, o marujo... cabe todo mundo. É uma prática religiosa que se fundamenta no respeito às diferenças e na força potente das misturas. Em uma cidade que parece flertar cada vez mais com a intolerância, a Umbanda deveria ser pedagogicamente encarada como um Rio possível pelo convívio fraterno entre suas gentes”, comemora o historiador Luiz Antônio Simas.
Rio fará censo de terreiros de Umbanda
Instituições que fizerem cadastro no Instituto Rio Patrimônio da Humanidade terão isenção de IPTU
Rio - Patrimônio cultural imaterial do Rio, a Umbanda ganhou um aliado de peso neste fim de ano: o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). A intenção é fazer um cadastro, até dia 31 de dezembro, de todos os terreiros da cidade, a fim de mapear e valorizar este bem não apenas religioso, mas cultural, tão presente na Cidade Maravilhosa. O IRPH divulgará o nome dos terreiros cadastrados, que terão isenção de IPTU no ano que vem.
O presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Washington Fajardo, destaca a importância deste cadastro, que vai partir dos próprios terreiros interessados, e não do IRPH. “Queremos criar um marco na luta pela diversidade religiosa na cidade. E valorizar a cultura africana. Não tem a ver com religião. Não é o tombamento de uma manifestação religiosa, mas de uma expressão cultural que contribuiu e contribui para a formação do povo carioca”, explica Fajardo.
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O primeiro terreiro cadastrado foi a Tenda Espírita Vovó Maria Conga de Aruanda, na Rua São Roberto, no Estácio. Foi justamente esta instituição a responsável por solicitar que as autoridades analisassem o requerimento para que a Umbanda se tornasse patrimônio da cidade.
Os demais terreiros interessados deverão enviar um e-mail para cadastroumbanda.irph@gmail.com com uma apresentação da instituição, com a história, as atividades e o calendário de festividades. Fotos, reportagens e outros documentos que comprovem a trajetória da instituição e suas relações com a cidade e seus moradores também serão considerados na avaliação do instituto.
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O cadastro deverá contar ainda com o nome do responsável pelo terreiro, telefone e e-mail. Se a instituição tiver um estatuto, registro ou outro tipo de formalidade, os documentos também deverão ser anexados.
BENS DO RIO
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Patrimônio diversificado
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), são considerados patrimônio imaterial as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas que as comunidades, grupos e indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Com a inclusão da Umbanda, a cidade do Rio de Janeiro conta com 54 bens imateriais chancelados pelo município.
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A listagem dos bens imateriais da cidade conta com a bossa nova, as escolas de samba, os blocos carnavalescos Cordão da Bola Preta e Cacique de Ramos, a obra literária de Machado de Assis, o Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, os vendedores de mate e biscoitos de polvilho das praias cariocas, as festas de Iemanjá, diversos bares tradicionais da cidade, a tradicional procissão de São Sebastião, a Bênção dos Barbadinhos, as marchinhas do Carnaval, o frescobol, entre outros.