Por thiago.antunes

Rio - A Auditoria da Polícia Militar investiga se o capitão Wellington Luiz de Oliveira, fisioterapeuta da corporação, abusou sexualmente de uma soldado no Centro de Fisiatria e Reabilitação da PM, no Estácio. O abuso teria ocorrido em setembro do ano passado. Uma soldado acusa o oficial de ter tocado em seus seios, alegando ser um tratamento médico para o joelho.

Em dezembro, a Justiça condenou o oficial a dois anos e 10 meses de prisão, em regime aberto, por ter introduzido um dos dedos dentro do ânus de outra paciente, filha de um policial, com a justificativa de se tratar de um procedimento médico para aliviar a dor no cóccix.

Em 2016%2C capitão foi condenado por usar toque retal para tratar dor no cóccix da filha de outro policialReprodução

Sobre o novo caso que está sendo investigado, a promotora Karina Puppin, da Auditoria Militar, explicou que, em depoimento, a soldado diz que ele sugeriu uma sessão de acupuntura. “Ela se queixou que a dor no joelho estava se refletindo na cervical e lombar. Ele, então, sugeriu uma massagem nos seios da paciente como tratamento fisioterápico”, afirmou.

O oficial, que foi afastado das suas funções somente após a condenação, está apelando da sentença. Ele nega ter introduzido o dedo na região retal da paciente, mas afirmou que esse é um procedimento usado na fisioterapia.

No julgamento, o militar levou médicos que afirmaram que o procedimento pode ser utilizado como tratamento alternativo à dor no cóccix, mas deve ocorrer com autorização do paciente — o que não ocorreu.

Em depoimento, a vítima afirmou que durante a consulta ficou deitada de bruços. O capitão, então, abaixou sua calça e a calcinha e, com outro braço, segurou suas costas e cometeu o abuso. Na decisão, a juíza Ana Paula Monte Figueiredo relatou que “a paciente reclamou, manifestando o desejo de que tal conduta fosse cessada. Não obstante, o indiciado continuou o movimento”.

Após sair do exame, ela foi para casa, onde constatou sangramento na calcinha e dor na região anal. A peça íntima foi usada como prova no processo.

A promotora pede que outras possíveis vítimas do oficial procurem a Corregedoria da PM ou o Ministério Público. “É um crime difícil de ser denunciado”, afirmou Karina. Procurado, o oficial não foi encontrado para comentar as acusações.

Oficial foi afastado das funções e secretário decide se será demitido

A Polícia Militar informou que o capitão fisioterapeuta Wellington Luiz de Oliveira “encontra-se afastado de suas funções, à disposição da Diretoria Geral de Pessoal da PMERJ”. De acordo com a corporação, o segundo episódio está sendo apurado pela Corregedoria, que acatou a denúncia da soldado, sendo esta a peça que deu início à apuração do Ministério Público.

O oficial já foi submetido à Conselho de Justificação, que deu parecer favorável a sua demissão dos quadros da corporação. O documento foi encaminhado para o secretário de Segurança, Roberto Sá, que deverá analisar e dar parecer favorável ou não.

O oficial foi condenado a ato libidinoso divergente da conjunção carnal. De acordo com o Código Penal, o o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a quatro anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. Caso a Justiça acate a segunda denúncia do MP e o condene, ele deverá cumprir a pena em regime fechado. O MP pretende fazer em breve a denúncia.

“Neste crime há a dificuldade em descrever o atentado violento ao pudor, já que a lei diz que a vítima não teria como reagir. A soldado não reagiu pelo choque na hora e por medo do superior”, disse a promotora.

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