Por thiago.antunes

Rio - O depoimento de um informante, realizado esta semana na 21ª DP (Bonsucesso), aponta que há uma ordem formal dos chefes do tráfico das comunidades da Nova Holanda e do Parque União para que criminosos atirem em carros que não abaixem os vidros. Na quarta-feira, a médica Klayne de Souza, de 28 anos, foi baleada no ombro ao entrar, por engano, na Nova Holanda. Ela acelerou e não estava com os vidros abaixados.

No depoimento ao qual O DIA teve acesso, o informante disse que “é ordem do chefe do tráfico da Nova Holanda, de nome Motoboy, que qualquer carro não identificado, de vidro fechado, ou que não obedeça ordem de parada, os traficantes têm ordem para atirar”.

Denúncia registrada na 21ª DP (Bonsucesso) mostra que é ordem atirar em quem entra na comunidadeReprodução / Agência O Dia

Motoboy é Rodrigo da Silva Caetano, procurado pela polícia. Por conta do depoimento, o delegado Wellington Oliveira, titular da 21ª DP, indiciou o traficante por tentativa de homicídio contra a médica. O Disque-Denúncia aumentou nesta sexta-feira a recompensa pelo traficante de R$ 1 mil para R$ 5 mil por conta do crime.

Ainda nesta quinta-feira, o delegado enviou um ofício à Prefeitura do Rio pedindo que placas sejam instaladas nas entradas das favelas Parque União e Nova Holanda com informações de que os locais são áreas de risco. 

Motoboy%2C chefe da Nova Holanda%2C foi indiciado por tentativa de homicídio contra médicaDivulgação

O delegado ressaltou a importância da medida, principalmente para que turistas não pensem que estejam visitando um ‘lugar com flores’. “Não basta colocar uma placa informando ‘Nova Holanda’. O turista pode achar que lá é um lugar com flores, com tulipas, como se fosse uma referência ao país europeu. Vai entrar e levar tiro. Faço esse pedido ao prefeito para salvar vidas”, explicou Wellington.

Estado vive mais um dia de guerra

O Rio teve mais um dia de medo e sofrimento com a falta de segurança. Se de um lado a polícia dizia que poderia garantir a tranquilidade da população, do outro, comerciantes da Tijuca e do Rio Comprido tiveram que fechar as portas, temendo retaliações após a morte de um traficante.

No Complexo da Maré, por conta de uma operação policial, 10 mil alunos ficaram sem aulas. Já o Complexo do Alemão teve o sétimo dia consecutivo de tiroteios e um morador foi baleado ontem à tarde, na localidade de Largo do Índio.

Na noite de quarta, outro morador do Alemão morreu atingido por um tiro durante protesto em frente ao Comando de Polícia Pacificadora. A morte de Felipe Farias, 17, ocorreu durante a manifestação após o enterro do adolescente Paulo Henrique, morto na segunda por uma bala perdida.

No Jacarezinho, a Delegacia de Homídios vai investigar a morte do mototaxista Brendo de Souza e Silva, 21, baleado durante uma operação do Comando de Operações Especiais da PM. A família afirma que o motoboy foi esfaqueado após ser baleado.

Parentes do atleta de handebol George Pereira fizeram protesto no enterro com página do DIA contra a violênciaMaíra Coelho / Agência O Dia

“Ele tinha saído de casa e ia tomar café na casa da tia. Estava num beco com o primo e os policiais atiraram na perna dele”, disse Tânia Regina, 49, vizinha do rapaz. Já a Polícia Militar afirma que Brendo seria traficante e que portava uma arma na ocasião. Segundo a PM, ele já foi autuado por tráfico de drogas e associação ao tráfico.

MototaxistaReprodução Internet

Ainda ontem, mais um policial militar foi morto, elevando para 59 o número de agentes da corporação assassinados este ano. O subtenente Carlos Alberto Domingos morreu sem ter tempo de reagir, quando um suspeito em um carro fez disparos para dentro do estabelecimento comercial em que ele estava, em Duque de Caxias.

Familiares e amigos do atleta de handebol George Felipe Pereira, 31, fizeram protesto e pediram paz durante o enterro dele ontem, no Cemitério Tanque do Anil, em Duque de Caxias.

“Acreditamos na Justiça. Esperamos que esse crime bárbaro não fique impune”, disse a irmã da vítima, Gleica Pereira, 26. A mulher do atleta, Iara Santos, 20, contou que os dois pretendiam ter um filho, já que ele havia sido promovido no trabalho.

Pereira também era segurança e foi baleado enquanto passava pela Rodovia Washington Luiz no domingo. A família acredita que George pode ter sido confundido com um PM. “Alguém tem que fazer algo. Os bandidos não estão medindo consequências”, finalizou Daniel Monteiro, amigo do atleta. 

Comércio fechou as portas na TijucaWhatsApp O DIA (98762-8248)


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