Rio - Logo na porta de entrada da Penitenciária Alfredo Tranjan (Bangu 2), o empresário Pedro Madsen Andrade foi selecionado entre os 17 presos como ‘mercadoria’. Ele foi escolhido por um agente para pagar extorsão de R$ 10 mil. O valor representava a ‘taxa’ da cela especial na unidade, no dia 5 de junho de 2013.
Um ‘cartão de visita’ assustador para o jovem interno, à época com 29 anos, que foi parar no cárcere por causa do envolvimento com drogas e a paixão turbulenta por uma mulher. O episódio era só o prenúncio do que vinha pela frente: cenas de tortura à base de pauladas e unidades com bocas de fumo.
A experiência de 498 dias nas cadeias é o fio condutor do livro ‘Quando a Liberdade Vira Pó’. Os relatos do empresário em mais de 30 horas de entrevistas são costurados com maestria em 19 capítulos, divididos em três partes, pela jornalista Fernanda Portugal. Uma das profissionais mais conceituadas na cobertura de Segurança Pública do estado com passagens como repórter e editora durante 19 anos no Jornal O DIA. “Certa vez, presenciei um jovem ficar de cócoras sem poder colocar as mãos no chão. Quando não conseguia, levava chutes na cara ou pauladas. As cadeias produzem bandidos em série”, avalia Pedro.
Muito mais que memórias
O projeto, de início, seria as memórias do jovem no cárcere que reuniu forças para se livrar da dependência química e ainda ajudar os companheiros de cela. Mas a dura realidade no sistema aguçou a sensibilidade da jornalista Fernanda Portugal para complementar o livro com apurações e outras entrevistas sobre o sistema penitenciário.
“À medida que as entrevistas aconteciam eu e a editora percebemos que não eram só memórias. Os relatos descortinavam um universo bizarro. Eram impactantes e devem levar a sociedade a uma reflexão”, diz Fernanda. O livro será lançado amanhã, às 19h, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon. O exemplar custa R$ 52,90 e também pode ser adquirido no site babiloniaeditorial.com.br
