Por cadu.bruno

Rio - O alemão Christoph Josef Humpf, encontrado morto em Campo Grande no mês passado, foi vítima de uma armadilha montada pelo sócio e um agente da Guarda Municipal do Rio. Thomas Dieter Petzold, 39 anos, e Levi Moraes Ferreira dos Santos, 44 anos, foram presos na manhã desta quinta-feira pela Delegacia de Homicídios. "Foi uma execução covarde", disse o delegado Fábio Salvadoretti, que conduziu as investigações. Outros dois envolvidos já haviam sido capturados.

O corpo de Christoph foi encontrado com marcas de tiros em um carro abandonado em Campo Grande. De acordo com o delegado, Thomas Dieter foi o mandante do crime, que aconteceu entre 18h e 22h do dia 22 de maio. Thomas disse ao sócio alemão que havia um bom negócio em Campo Grande. Eles foram de táxi até o local onde dois homens esperavam em outro carro para matá-lo.

O agente da Guarda Municipal Levi Moraes Ferreira dos Santos  forneceu a arma e o carro roubado em que o corpo foi deixado. Luiz Fernando Bezerra Junior matou o alemão com a ajuda de Luan Rodrigues Mesquita, 22 anos. Ambos já estavam presos.

Thomas Dieter Petzold era sócio da vítima e teria encomendado a execuçãoSeverino Silva / Agência O Dia

A Delegacia de Homicídios ainda não esclareceu a motivação para o assassinato. Thomas era sócio de Christoph no mercado imobiliário. A DH encontrou um comprovante de depósito no valor de R$ 5 mil do sócio da vítima para Luiz Fernando. Seria a prova de pagamento pela execução.

DH encontrou comprovante de depósito de R%24 5 mil de Thomas para Luiz FernandoWhatsApp O DIA (98762-8248)

Luiz Fernando e Luan ficaram de tocaia em um Kia Cerato à espera da vítima. O alemão desceu do táxi em que estava com Thomas e entrou no veículo em que estavam Luiz Fernando e Luan. Christoph foi executado em seguida com nove tiros. "Em alguns minutos o Luiz Fernando vira para trás e dá seis tiros nele. Recarrega o revólver e dá mais três pelo menos", contou o delegado.

De acordo com as investigações, Thomas permaneceu no local durante a execução. Eles seguiram para a casa de Levi, tiraram o corpo do Kia e colocaram em outro carro onde o corpo foi encontrado parcialmente carbonizado. O Kia era de Luan que o usava para trabalhar para um aplicatico de transporte de passageiros. Na casa de Thomas foram encontradas duas malas e uma pasta de Christoph.

Câmeras de segurança

Segundo o delegado, há imagens de câmeras de segurança que mostram Luan e Luiz Fernando conversando após o assassinato. No vídeo, o agente Luiz Fernando é visto pegando o carro em que o corpo seria encontrado no dia seguinte. Paro delegado, trata-se de uma pessoa fria. "Luiz Fernando, pela conversa que tivemos, podemos perceber que é um assassino acostumado a matar pessoas. Ele mente o tempo todo, não entrega ninguém",

Segundo o delegado Salvadoretti, o depoimento de Luan ajudou a esclarecer o complô para matar Christoph Humpf. Luan dirigiu o carro e entregou a arma a Luiz Fernando. Depois de atirar na vítima, Luiz Fernando devolveu a arma e escondeu o corpo no porta-malas do carro. O delegado não descarta a possibilidade de outras pessoas terem participado do crime.

Sócios no mercado imobiliário

Thomas Dieter e Christoph Humpf eram sócios no ramo de imóveis e tinham um escritório na Rua Siqueira Campos, em Copacabana. Thomas foi preso na cobertura em que mora com a esposa e três enteados na Rua República do Peru, no mesmo bairro.

Luiz Fernando foi preso no dia 23 de maio numa blitz da PM no Recreio dos Bandeirantes. Os policiais encontraram vestígios de sangue no banco traseiro do carro e um pano manchado de sangue. Também foram encontrados um passaporte alemão e um cartão de crédito sujos de sangue, seis cápsulas calibre 38, além de R$ 4,4 mil em espécie e um taco de beisebol, que teria sido usado na execução. Thomas chegou a apresentar uma carteira da Comissão Nacional de Defesa de Direitos Humanos e Cidadania para tentar evitar a prisão, mas acabou confessando o crime.

Em nota, a Guarda Municipal informou que a Corregedoria já instaurou sindicância para apurar o caso e que tem acompanhado e colaborado com as investigações da polícia.

Reportagem do estagiário Rafael Nascimento, sob supervisão de Maria Inez Magalhães

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