Por cadu.bruno

Rio - Os policiais militares envolvidos no esquema de propina em São Gonçalo, que desencadeou a Operação Calabar, realizada nesta quinta-feira, chegavam a sequestrar traficantes "maus pagadores". De acordo com o delegado Fábio Barucke, titular da Divisão de Homicídios de Niterói, ltaboraí e São Gonçalo, raptar os criminosos era uma forma de mostrar força e receber mais rápido o dinheiro da propina.

"Foi verificado que há registros de sequestros e quando faltava dinheiro era a forma de receber mais rápido e monstrar força, dando demonstração que eles não aceitavam inadimplência", afirmou.

Ainda segundo o delegado, o grupo de 96 PMs envolvidos no esquema não tem relação com a quadrilha que matou a juíza Patrícia Acioli, em agosto de 2011, em Niterói. O crime foi cometido por policiais do 7º BPM (São Gonçalo), insatisfeitos com a atuação rigorosa da magistrada em diversos processos envolvendo PMs e mortes de suspeitos durante confronto.

Os policiais arrecavam cerca de R$ 1 milhão por mês com o esquema e dividiam a área onde a propina era recolhida por Grupos de Ações Táticas, que eram batizados com apelidos como GAT Marreta, GAT Mochila ou Mochilão, GAT Sombrancelhudo, GAT Fantasma I, GAT Fantasma II e GAT “B” ou GAT do Peixe ou GAT do Harduim.

"Eles fechavam os olhos em troca do apoio financeiro que recebiam dos traficantes, principalmente das comunidades dominadas pelo Comando Vermelho", ressaltou Barucke.

Dos 96 PMs com mandado de prisão, 41 ainda estão lotados no 7º BPM. Outros 20 foram transferidos para o vizinho 12º BPM (Niterói), enquanto 15 estão no 35º BPM (Itaboraí). Os demais policiais estavam em outras unidades da corporação.

O início do inquérito na DH começou com a prisão de um traficante que decidiu delatar o esquema. Gravações telefônicas e imagens de vídeos com os policiais recebendo propina também foram incluídas no processo. Ele informou que recolhia R$ 120 mil por semana para a propina dos PMs, o que resulta em cerca de R$ 480 mil mensais.

Os policiais presos irão responder pelos crimes de organização criminosa armada com a participação de funcionário público (pena de 3 a 8 anos), corrupção passiva (de 2 a 8 anos) e fornecer arma de fogo (de 3 a 6 anos). O nome da operação faz referência a Domingos Fernandes Calabar, considerado o maior traidor da história brasileira.

Você pode gostar