Rio - A Polícia Militar se manifestou no Facebook, na manhã desta quinta-feira, sobre a megaoperação que está sendo realizada pela Polícia Civil para prender 96 PMs e 70 traficantes. Os policiais são acusados de receber propina do tráfico que chegaria a R$ 1 milhão mensais. Os militares eram lotados no 7º BPM (São Gonçalo) entre 2014 e 2016 e são acusados de receber propina, que era chamada por eles de "meta", além de venda de armas para 41 comunidades daquele município.
"Policiais militares, todos nós iniciamos o dia de hoje incomodados pela operação que está em curso. Sentimos na própria pele toda vez que policiais militares são acusados de crimes graves. Mas não podemos deixar de ressaltar que se trata de uma operação necessária para nos fortalecer. A operação de hoje, ao contrário do que alguns querem construir, teve participação constante da Corregedoria Interna da PM, o que mostra que não foram órgãos externos que protagonizaram essa ação. Desafiamos outro órgão correcional de qualquer segmento profissional a mostrar resultados tão contundentes quanto a Corregedoria da PM na apuração de desvios e exclusão de seus agentes".
Os policiais envolvidos atuavam nos Grupos de Ações Táticas (GAT's); Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO's), Serviço Reservado (P-2) e patrulhamento do 7º BPM.
A proprina era paga semanalmente perto do batalhão do município e até em DPO's. No DPO do Jardim Catarina o repasse, de R$ 150 a R$ 200, era feito sempre da madrugada ou pela manhã, através de lançamento do maço de notas pela janela do destacamento.
Os militares corruptos dividiam a área onde a propina era recolhida por Grupos de Ações Táticas, que eram batizados com apelidos como GAT Marreta, GAT Mochila ou Mochilão, GAT Sombrancelhudo, GAT Fantasma I, GAT Fantasma II e GAT “B” ou GAT do Peixe ou GAT do Harduim.
O início do inquérito na DH começou com a prisão de um traficante que decidiu delatar o esquema. Gravações telefônicas e imagens de vídeos com os policiais recebendo propina também foram incluídas no processo. Ele informou que recolhia R$ 120 mil por semana para a propina dos PMs, o que resulta em cerca de R$ 480 mil mensais.
Os policiais presos irão responder pelos crimes de organização criminosa armada com a participação de funcionário público (pena de 3 a 8 anos), corrupção passiva (de 2 a 8 anos) e fornecer arma de fogo (de 3 a 6 anos). O nome da operação faz referência a Domingos Fernandes Calabar, considerado o maior traidor da história brasileira.
A Operação Calabar coloca novamente o batalhão de São Gonçalo na berlinda. A juíza Patrícia Acioli foi executada na porta de casa com 21 tiros em agosto de 2011, em Niterói, por policiais do 7º BPM. A magistrada atuou em diversos processos em que os réus eram policiais militares envolvidos em mortes de suspeitos durante confronto.