Rio - As Forças Armadas iniciaram, na tarde desta sexta-feira, uma operação de cerco à Rocinha, na Zona Sul do Rio. Segundo o ministro Raul Jungmann, 950 homens do Exército participarão da ação na comunidade, juntamente com forças policiais do estado. A Polícia Federal também está presente na região.
Por volta das 17h30, houveram dois tiros. Até o mometo, não há informações se o disparo foi de criminosos ou policiais. Já às 17h50, bandidos colocaram fogo na mata, na parte alta da comunidade.
De acordo com Wolney Dias, comandante- geral da Polícia Militar, a PM conta com mais de 400 homens no efetivo da Rocinha. Ao ser questionado se a Secretaria de Segurança demorou pedir ajuda do Exército, o comandante negou e disse que a PM já vinha atuando juntamente as tropas federais.
"É uma disputa de poder entre a facção e é natural. O Nem foi preso e deixou alguém em seu lugar, que agora quer tomar o poder", opinou Wolney sobre o cenário de confrontos na comunidade.
A entrada do Exército atraí a atenção de curiosos e moradores da Rocinha -que acompanham a chegada do efetivo e de blindados. No entanto, o clima é de apreensão e medo na comunidade. "Comprei comida extra. Eu vou entrar agora e não sei quando a gente vai conseguir sair de casa", revela a doméstica, que trabalha em Jacarepaguá. "Estamos vivendo um horror", lamentou.
Esta sexta-feira, quinto dia de operações na Rocinha, está sendo marcado por confrontos na comunidade. Policiais dos Batalhões de Choque e de Operações Policiais Especiais (Bope) estão na favela para procurar o traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, e bandidos que invadiram o local no último domingo.
Às 10h, a base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Rua 2, que fica no alto do morro, foi atacada. Um morador foi ferido e levado ao Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea. Segundo o diretor do hospital, a vítima vítima está bem, lúcida e orientada. Por volta das 14h40, um homem foi preso na localidade conhecida como 'Roupa Suja', mas a PM não deu mais detalhes sobre o caso.
Mais cedo, um ônibus foi incendiado em São Conrado, próximo à Avenida Niemeyer. Segundo a PM, o Setor de Inteligência e o Disque Denúncia receberam informações de que menores foram orientados para atear fogo em ônibus para desviar a atenção policial ao cerco da Rocinha.
Uma granada também foi lançada em um trecho da Estrada Lagoa-Barra, após o túnel Zuzu Angel, próximo à passarela da Rocinha. A PM disse que o Esquadrão Antibombas foi acionado e conseguiu retirar o artefato para o local. Depois, o objeto foi levado para a 11ª DP (Rocinha). Por volta das 11h30, policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e do 23º BPM (Leblon) chegaram ao local para reforçar o policiamento. Por volta das 14h, os dois sentidos da Autoestrada Lagoa-Barra foram totalmente liberados.
Por segurança, cinco escolas, duas creches e um Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDIs) foram fechadas na região. Ao todo, 2.489 alunos foram prejudicados. As aulas também foram suspensas na Escola Teresiano, Escola Americana e Escola Parque, além da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).