Por adriano.araujo

Rio - Apontado como a principal liderança da facção Comando Vermelho (CV) e há quase 11 anos preso em presídios federais, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, decidiu falar. Chefe do tráfico no Complexo do Alemão, o que ele nega, o traficante defende a legalização das drogas e disse que o comércio de entorpecentes financia campanhas de políticos.

As bombásticas declarações foram feitas em uma entrevista exclusiva ao portal Uol dentro do presídio federal de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. 

Marcinho VP defende legalização das drogas e acusa políticos de receber dinheiro dinheiro do tráfico para financiar campanhas Reprodução Vídeo / Uol

"A legalização das drogas é um caso complexo que merece um debate profundo, ouvir a sociedade, fazer um plebiscito para saber se ela está preparada. Mas as drogas leves, como a maconha, seria importante dar o primeiro passo para legalizar, uma forma de erradicar e, no mínimo, diminuir o tráfico de drogas. A partir do momento que legalizar vai vender em tudo que é botequim, farmácia, traficante não vai vender mais drogas, correto?", defende, dando exemplos como o Uruguai e Holanda. 

Entretanto, VP acredita que a legalização enfrenta resistência das próprias autoridades que, segundo ele, não estariam interessadas porque a liberação das drogas acabaria com benefícios dos políticos. 

"O tráfico de drogas financia campanhas políticas no Brasil, senhor. Financia o governo do estado, deputados, senadores. Para eles não é importante isso (legalização). Os grandes barões das drogas, a maioria, vivem acima de qualquer suspeita. Encastelado em seus palacetes financiam campanhas políticas. E não interessa para eles acabar com essa fonte de renda", acusa. 

'Cabral foi o maior charlatão que tive o desprazer de conhecer'

Um dos alvos constantes do livro de VP é o ex-governador Sérgio Cabral, hoje preso em Bangu por corrupção. O político foi responsável pela ida do traficante para fora do estado, em 2007.

"A maior organização criminosa do Rio de Janeiro estava instalada dentro do Palácio Guanabara e Sérgio Cabral Filho era cacique-mor dessa organização que levou o Rio à falência. Foi a maior decepção que tive na minha vida. Foi o maior charlatão que tive o desprazer de conhecer na minha vida", diz na entrevista.

VP se considera preso político e sonha em voltar para 'casa'%2C o presídio de Bangu%2C foto da capa do livroReprodução

Marcinho conta que teve um encontro em 1996 com Sérgio Cabral, na época candidato à prefeito do Rio, disputa que acabou perdendo.

"A equipe dele me procurou na época, no Alemão, para pedir ajuda na campanha dele. Um showmício, dia de domingo, show do grupo Molejo. Levei para o meu camarote, sentou na minha mesa. Comeu, bebeu, me abraçou, conversamos quase uma hora. (...) A minha parte eu fiz, os votos que prometi dei a ele. Dei mais de 50 mil votos a ele", conta.

Traficante vai lançar livro

Marcinho VP vai lançar neste sábado o livro "Marcinho Verdades e Posições — O Direito Penal do Inimigo", onde fala sobre Lula, UPPs, se define como um preso político e conta uma outra versão para a morte de Tim Lopes. O material tem coautoria do jornalista Renato Homem.


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