Por gabriela.mattos

Rio - Os motoristas da Viação Nossa Senhora de Lourdes fazem uma paralisação na manhã desta segunda-feira. Eles reclamam do parcelamento em cinco vezes do 13º salário e pedem melhores condições de trabalho. Para os rodoviários, o valor deve ser pago integralmente ou pelo menos em duas parcelas. A empresa reúne oito linhas em bairros da Zona Norte do Rio, como Méier, Tijuca, Penha, Olaria, Ramos e Vila Isabel.

Motoristas da Viação Nossa Senhora de Lourdes fazem paralisaçãoMaíra Coelho / Agência O Dia

Integrante da diretoria, Bruno Fortes contou que a empresa se reuniu com os rodoviários, nesta manhã, para diminuir o parcelamento para quatro vezes, mas os motoristas não teriam aceitado. "Estamos passando por uma crise. A primeira parcela do 13º cairia agora no dia 30 e a última em fevereiro. Os salários continuam em dia", explicou.

No entanto, os funcionários garantem que nenhum representante da diretoria conversou com eles sobre a mudança no pagamento. Os motoristas disseram que foram avisados do parcelamento há dois dias, quando viram um cartaz pendurado em uma parede da garagem da empresa, na Penha. 

"No papel dizia que a viação teve um prejuízo de 10% dos passageiros, que a gasolina ficou mais cara e que ficou mais difícil a reposição das peças dos veículos. Mas as linhas têm mais de 400 passageiros por dia. Como não tem dinheiro para pagar a gente?", questionou Sérgio Maurelio, de 55 anos, que é motorista há dez anos.

Rodoviários reclamam do parcelamento em cinco vezes do 13º salário e pedem o pagamento integral do valorMaíra Coelho / Agência O Dia

Os rodoviários lembraram que, além de trocador e motorista, eles fazem a função de 'segurança do dinheiro'. "Temos que transportar todo o dinheiro para a empresa no fim do dia. Se faltar dinheiro, eles nos dão uma suspensão de um dia e descontam o valor do nosso salário. Na primeira viagem, vamos sem dinheiro. Se tivermos que dar troco para o passageiro, tiramos do nosso próprio bolso. A partir de agora, os passageiros só vão pagar se tiver R$ 3,40 ou o cartão. Caso contrário, vão entrar pela porta traseira", destacou Sérgio.

Motorista há sete anos, Amanda Cucuo também criticou as 'três funções' que precisa exercer diariamente e reforçou que os profissionais não têm segurança no trabalho. "Tenho que almoçar dirigindo porque não nos dão condições. Nem banheiro químico tenho. Nos planejamentos contando com esse dinheiro, ninguém come parcelado e eu não parcelo minha conta de luz. Não vamos aceitar que a empresa parcele o que é de nosso direito", enfatizou a rodoviária, de 34 anos, que trabalha na linha 679 (Grotão x Méier)

Empresa pendurou cartaz anunciando o parcelamento do 13º salárioRafael Nascimento / Agência O DIA

A empresa reúne, ao todo, 700 funcionários. Mas, segundo Fortes, apenas os motoristas aderiram ao ato em frente à garagem da viação, na Penha, Zona Norte. Procurada pelo DIA, o Rio Ônibus disse que a viação está em negociação com os funcionários e que propôs o parcelamento para manter os pagamentos em dia.

"Desde o início do ano, o Rio Ônibus vem alertando que o sistema de transporte por ônibus sofre os impactos com a negativa da prefeitura em reajustar a tarifa, em janeiro, desrespeitando o contrato de concessão. Esse cenário compromete a qualidade do serviço e tem como consequência o risco de fechamento de empresas. O Rio Ônibus defende que uma auditoria independente indique o valor justo da tarifa para a cidade; e está à disposição para o diálogo com o poder público", completou, em nota.

A Secretaria Municipal de Transportes ainda não se posicionou sobre a paralisação.

Você pode gostar