Por adriano.araujo

Rio - Duas explosões em um bueiro da Rua Buenos Aires, esquina com a Avenida Rio Branco, no Centro, deixaram caótico o Centro do Rio durante toda a manhã e parte da tarde desta quinta-feira. O Corpo de Bombeiro foi acionado por volta das 9h para conter as chamas e logo em seguida a Defesa Civil interditou o local. O cheiro do gás era tão forte que funcionários e clientes de prédios próximos deixaram o local às pressas, uma pessoa chegou a desmaiar e foi levada para o Hospital Souza Aguiar.

Depois das explosões%2C o cheiro de gás fez com que pessoas que estavam por perto chegassem a passar mal e fossem levadas para o Hospital Municipal Souza AguiarMaíra Coelho / Agência O Dia

O VLT teve seu funcionamento interrompido na Rio Branco por quatro horas e meia e agentes da Cet-Rio coordenavam o trânsito na avenida, que operou em apenas uma pista das 9h15 às 14h30 perto do acidente. Já a Buenos Aires teve toda sua extensão fechada para carros.

A segunda explosão aconteceu enquanto técnicos da empresa Gasindur, terceirizada da CEG, operavam no local para conter o vazamento. Três técnicos ficaram feridos e foram também foram atendidos no Hospital Souza Aguiar.

Julio da Silva, 40 anos, sofreu ferimentos leves e já teve alta. Fábio da Silva, 41, teve uma queimadura no rosto e está em observação no Centro de Tratamento de Queimados do hospital. Fabiano de Souza teve uma contusão no joelho e passa bem, informou o hospital.

Já a Márcia Rejane Machado, 49, que acompanhava o marido em um exame no prédio em frente ao bueiro em chamas, passou mal e desmaiou com o forte cheiro de gás. Ela foi de táxi para o hospital com a ajuda de funcionários de uma lanchonete próxima, pois não havia mais ambulâncias no local.

“Não tinha ninguém para socorrer minha mulher”, disse Vagner Machado, marido de Márcia, indignado. De acordo com os bombeiros, sua equipe estava no local para prevenção e não foi constatado risco iminente para esvaziar o local. Sobre a falta de ambulâncias, a corporação vai apurar as circunstâncias.

Assustados e sem orientação, comerciantes locais não sabiam o que fazer diante do risco. “Também uso gás de rua aqui, será que estou com minha cozinha em risco?”, comentou Manoel Barbosa, gerente de lanchonete próxima. A CEG informou que não houve necessidade de suspender o fornecimento de gás para a região durante os reparos e que a causa das explosões ainda não foi identificada. Disse ainda que vai abrir investigação para apurar o ocorrido assim que o problema for resolvido.

A Light diz que, ao constatar que era um dano na rede de gás, permaneceu no local somente para dar suporte à CEG, caso fosse preciso.

Pouca informação causou mais medo aos pedestres

Após as explosões o clima no Centro do Rio ficou tenso. Funcionários e gerentes de estabelecimentos que funcionam na região não sabiam o que fazer. Questionavam a falta de orientação.

“A gente decidiu descer por conta própria. O cheiro lá em cima do prédio está insuportável, muito forte. Tem gente passando mal”, disse Rafaela Ribeiro, que é dentista e tem uma sala na Avenida Rio Branco, no mesmo quarteirão onde o bueiro pegou fogo.

Funcionários de uma lanchonete na mesma rua, que não quis se identificar, disse que foi preciso socorrer algumas pessoas que saíam em pânico do prédio Big, número 68, que fica em frente ao bueiro com problema. “Têm poucos bombeiros para atender a tantas pessoas”, questionou uma atendente.

Depois de vários acidentes com bueiros no Rio, a prefeitura criou o Sistema de Gestão de Obras em Vias Públicas (Geovias), em parceria com as principais concessionárias de redes subterrâneas como a CEG, Light, Cedae, Oi e Embratel, desenvolveu, em 2014. A ferramenta indica a localização redes e ajuda a evitar que elas sejam atingidas por equipamentos de obras. 

Problema que se repete na cidade

Não é a primeira vez que um bueiro pega fogo no Rio. Em janeiro desse ano houve um caso na Avenida Erasmo Braga, próximo ao edifício garagem Menezes Côrtes, também no Centro. Na época, não houve feridos e a causa do acidente foi o defeito em um cabo elétrico e uma tampa de caixa de inspeção da Light havia se deslocado.

Em 2013, a concessionária de eletricidade do Rio, Light, foi multada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em R$ 6,678 milhões devido à irregulares as instalações elétricas da rede subterrânea, ou seja, fora dos padrões de segurança.

Pedestres e motoristas do Rio enfrentaram uma sequência de explosões de bueiros em 2011, que se seguiram nos anos posteriores. Os casos assustaram quem circulava pelas ruas da cidade. Em julho daquele ano, em apenas uma semana, sete bueiros apresentaram problemas, como fumaças, explosões e guimbas de cigarro jogadas dentro de caixas subterrâneas.

À época, os episódios aconteceram também na Tijuca e bairros da Zona Sul e Centro.

Veja a nota da CEG na íntegra

?Sobre o acidente ocorrido na manhã de hoje no Centro, na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Buenos Aires, a Ceg identificou que o vazamento em sua rede ocorreu por um dano causado por terceiros. A empresa está investigando qual foi a intervenção de terceiros que causou o dano que gerou o escapamento.

A rede é nova, tendo sido totalmente renovada e modernizada recentemente. A tubulação atingida é de polietileno de 110 mm em baixa pressão.  Ressaltamos ainda que as caixas subterrâneas de energia elétrica e a rede de gás foram vistoriadas conjuntamente pelas concessionárias CEG e Light há 3 meses e não apresentaram qualquer presença ou escapamento de gás.

Durante os trabalhos para reparação durante esta manhã, houve incêndio em duas caixas subterrâneas de águas pluviais e dois técnicos de equipes que prestam serviço para Ceg tiveram queimaduras leves e um terceiro técnico sofreu uma torção do tornozelo, Eles passam bem e foram assistidos.

A Ceg informa que sua rede de gás existente no local já está em segurança e os técnicos da empresa continuam trabalhando no local para conclusão definitiva, com o objetivo de retornar à condição original suas redes.

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