Rio - Calor excessivo, transpiração e oxigênio escasso. No contexto do verão carioca, em que a temperatura ultrapassa 40 graus, é difícil identificar se essas sensações se tratam de uma sauna convencional ou das ruas da cidade. Enquanto a permanência em salas quentes apropriadas resultam em benefícios ao organismo, passar mais de 20 minutos no sol escaldante, no verão, pode agravar de maneira silenciosa os problemas do coração, entre aqueles pacientes que têm dor torácica, conforme estudo publicado no American Journal of Medicine.
Criada em cavernas por nômades que habitavam a Finlândia há 9 mil anos, a sauna é uma grande aliada para tratar a saúde do coração. É o que dizem os pesquisadores da Universidade Oriental do país, que acompanharam mais de dois mil homens durante 20 anos e constataram que as sessões de banhos vaporizados podem aumentar a vascularização do organismo e evitar problemas cardíacos, como o infarto.
De acordo com o estudo, as pessoas observadas que fizeram de quatro a sete sessões de sauna, de 35 minutos por semana, reduziram as chances de complicações no coração em 63%, em relação aos que não frequentaram a sala quente. No entanto, "é importante obedecer o tempo estipulado de 30 a 40 minutos, especialmente os idosos e cardiopatas", alerta o cardiologista Emílio Cesar Zilli. A explicação para a benesse está em ganhos nas funções do endotélio, fino tecido que reveste o interior de veias e artérias, responsável por aumentar ou diminuir o calibre desses tubos. "A sauna é indicada para dilatar os vasos, pois ao transpirar o indivíduo melhora a circulação e a pressão arterial", explica o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio, Sylvio Provenzano.
Além da prevenção, as saunas ajudam a limpar a pele, abrir as vias nasais, fortalecer o sistema imunológico, agir como relaxante em quadros de tensão e estresse e aliviar lesões musculares e reumáticas. A prática também tem a capacidade de estimular as glândulas endócrinas, que são importantes para a regulação do humor e da atividade sexual.
Em contrapartida, a exposição excessiva ao sol pode trazer danos a longo prazo. Segundo estudo da American Journal of Medicine, publicado no mês passado, as saunas a céu aberto, como são consideradas as cidades brasileiras no verão, podem desenvolver problemas oriundos de elevação da pressão arterial, como arritmia cardíaca e hipertensão. "Atualmente, 31% da população brasileira é hipertensa, e desses, 50% não foi diagnosticado", informou Sylvio.
Em dias que a temperatura ambiente supera os 36,7º do organismo humano, sobretudo de 11h às 16h, o cuidado deve aumentar. "A cada 25 minutos de exposição solar, 50 minutos na sombra", aconselha Zilli. "Além de manter-se bem hidratado, é claro". Nesse caso, a desidratação atinge especialmente os bebês. "É uma preocupação quando uma pessoa perde apenas 3% da água do corpo. Para um bebê de 2,2 kg, isso se traduz em apenas 236 ml (cerca de um copo de água)", detalha Patrícia Ruffo, nutricionista da Abbott no Brasil.