Publicado 16/08/2024 00:26 | Atualizado 16/08/2024 00:30
Angra dos Reis - Há quase sete meses sem aula, a escola indígena Guarani da aldeia Sapukai, em Angra dos Reis, na costa verde, finalmente abriu o ano letivo/2024. Para que isso acontecesse foram realizadas várias manifestações dos indígenas e professores, com objetivo de garantir o acesso das crianças à educação na língua tupi. As aulas foram retomadas, depois da contratação de novos professores, em julho, junto com o início de obras de infraestrutura, para que as crianças e jovens da aldeia retornassem à sala de aula. A aldeia fica localizada no bairro Bracuí.
A falta de investimento e de renovação dos contratos dos professores, em dezembro de 2023, para 2024, por parte do estado, impediram o início do ano letivo na aldeia. Para o acesso a educação, dez dos mais de cem alunos entre crianças e jovens indígenas, enfrentaram os desafios, e depois de quatro meses sem aula, matricularam-se em uma das escolas do município. Em Depois de quatro meses sem aula, a aldeia levantou a voz e no Dia dos Povos Indígenas, 19 de abril, a data que deveria ser comemorada foi um dia de protesto. Professores, cacique Algemiro Karay, crianças e pais indígenas, se reuniram em um só grito, "de socorro para que as aulas na aldeia fossem retomadas e garantido o acesso à Educação, assegurado por Lei".
Nossa reportagem acompanhou toda mobilização da aldeia Sapukai, que desde então cobrava das autoridades a abertura da escola indígena. O clamor dos guaranis e do grupo de professores ganhou espaço, chegou ao Ministério Público Federal, que realizou uma inspeção na aldeia e constatou a veracidade das denúncias. "Além da falta de acesso à escola a aldeia carece de infraestrutura, saneamento básico, saúde, entre outros". A denúncia foi aceita e encaminhada à Justiça, que cobrou a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ) a tomar medidas urgentes, como a contratação de professores indígenas para as aldeias de Angra e Paraty, e para suprir a carência na rede estadual. A discussão chegou à Alerj. A deputada Célia Jordão(PL) esteve na aldeia e cobrou na tribuna uma solução para o problema.
"Em julho, os professores indígenas do primeiro segmento (1º ao 5º ano) foram contratados e retornaram às aulas. Além disso, também foram contratados professores indígenas para as disciplinas do segundo segmento (6º ao 9º ano) e para a Formação de Professores Indígenas no Ensino Médio. O colégio, que antes estava em uma situação precária e enfrentava uma reforma lenta, agora está recebendo os devidos cuidados e melhorias"- disse o Geógrafo Pedro Neves, que também atua na área de educação indígena.
Vale destacar que a contratação de novos professores é só o começo de uma série de ações que precisam ser feitas de imediato no campo da educação escolar no estado do Rio de Janeiro. A rede estadual sofreu uma queda na avaliação de qualidade feita pelo Ministério da Educação. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, IDEB, divulgado nessa quarta-feira(14) aponta o Rio como a pior nota na avaliação estadual do ensino médio da região sudeste. Caiu de 3,9 ( 2021) para 3,3 (2023), sendo que a meta é de 4,6. Minas 4,0; SP 4,2 e ES 4,7.
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